Sign up with your email address to be the first to know about new products, VIP offers, blog features & more.

Messi e o meu Huracán

Foto: Fifa

Resenha da Copa (8)

Torcida amiga, bom dia!

Tenho uma paixão portenha que vai além de Maradona e Messi.

Não é a Bambonera.

Nem River, nem Boca,

Não, não é o tango (ainda que esporadicamente me debruce prazerosamente sobre a obra de Piazzolla).

Também não são os passos acrobáticos das lindas bailarinas daquele espetáculo típico para o turista brazuca em ‘mi Buenos Aires querido’.

Porto Madero? Gosto, mas não me enrosco.

Chegou perto quem lembrou as horinhas distraídas e um expresso na Calle Florida no fim de tarde.

Mesmo assim ainda não acertou.

Um bife ancho, talvez.

Miam miam miam.

Adoro, mas…

Hora de por fim ao mistério.

Meu coração vagabundo bate acelerado pelo Huracán.

Clube Atlético Huracán, um time pequeno dos arredores de Buenos Aires que vive pelas tabelas no inchado campeonato lá deles.

Explico o motivo.

Foi essa gloriosa associação que, lá nos idos de não sei quando, inspirou – sei lá qual o motivo – e deu nome ao glorioso Huracán Futebol Clube da Várzea do Glicério, onde esse humilde escriba, no vigor dos 16 e 17 anos, vestiu a camisa de número 6 do ‘segundinho’ como esforçado quarto-zagueiro.

(Vez ou outra me empurravam para uma das laterais. Especialmente quando havia no time adversário um pontinha mais cabuloso, cheio de malemolência, que só parava de driblar na base de um oportuno ‘chega pra lá’. Eu era o escolhido pelo dono de uma bicicletaria e técnico, o inesquecível Ferreti.)

O Huracán, meus caros, jogava nas tardes de sábado.

Além de um bom futebol, ostentava o mais belo uniforme que um time já envergou: meiões cinzas, calções pretos e camisa grená, de algodão grosso e decote V.

Um balãozinho com a letra H era o nosso engenhoso distintivo, copiado do Huracán original.

Ah, meu cunhado Waltinho, de saudosa lembrança, era o lateral esquerdo do onze titular e um dos melhores do time. O apelido dele era Solado. Importante destacar: quando de boa lua, me emprestava a chuteira Olé de travas de borracha. Um luxo para a época.

Todo esse magnânimo memorial que lhes faço é para ganhar tempo e disfarçar a ‘invejinha positiva’ sobre o jogo desta terça.

Argentina 3 x Croácia 0.

Uma baile. Um atropelo.

Implacável.

Bem mais fácil do que imaginávamos, nós, brasileiros ainda não refeitos do trauma de mais essa desclassificação.

(Era assim que deveríamos ter jogado. não é Tite?)

A equipe portenha fez o básico, com requinte. Arranjou-se no gramado num pragmático 4-4-2, com marcação aguerrida, sem dar espaço para a troca de bola constante dos croatas e velocidade ao atacar.

À frente, o menino Julian Álvarez e o mago Messi desequilibraram.

Uma observação bem pessoal.

O jogo da seleção brasileira contra a Croácia serviu de modelo para os hermanos.

Sim, modelo de tudo o que não deveria ser feito em campo.

Jogaram com alma e coração, reconheça-se.

Encerro:

Numa Copa do Mundo especialmente, o futebol vai além dos ciclos, dos processos, dos planos, da técnica, da tática e dos demais tatibitates generalistas.

Vale o jogo jogado com o cintilante brilho dos vencedores no olhar.

É a diferença entre os homens e os eternos meninos…

Um adendo

Aplausos ao Messi, gênio da bola.

Minha solidariedade e da categoria dos zagueiros-humilhados ao croata Gvardiol.

Meu garoto,

Tá certo que você tem só 20 anos, joga um bolão e usa uma estranha máscara para proteger a contusão recente no rosto.

Você tem um futuro e tanto pela frente.

Soube até que vai para o Chelsea como provável substituto do Thiago Silva.

Tudo muito bem, tudo muito bom.

Só quero botar aqui um reparo.

Uma dica de um aposentado quarto-zagueiro da Várzea do Glicério

Seguinte:

Deu o bote e o atacante escondeu a bola, faz a alavanca, faz a falta, zagueirão. Um tranco maneiro, sem grosseria, sem machucar, só para matar o lance.

Zagueiro que fica olhando o número da camisa do adversário e acompanha passivamente o balé do abusado, vou lhe dizer: não se garante e sobra num canto do campo, sem ter para onde olhar, solitário e sem guarida.

Se o homem for um tal de Messi… Então, companheiro, acontece o que aconteceu no terceiro gol da Argentina.

Arrepia, zagueiro!

Nesta quarta-feita, tem França e Marrocos.

Bom jogo, bom jogo…

Ainda nenhum comentário.

O que você acha?

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Verified by ExactMetrics