Robbin Willians não era o meu ator favorito.
Mas, eu acompanhava sua carreira e seus filmes.
Chamava minha atenção que tínhamos a mesma idade – ele é de julho de 1951 e eu de dezembro de 50 – e me espantava como ele era capaz de tamanha desenvoltura no desenvolvimento de personagens tão diversos como os que fez em Bom Dia Vietnã (1987), As Aventuras do Barão de Von Muchausen (88), Sociedade dos Poetas Mortos (89), Tempo de Despertar (90), O Pescador de Ilusão (91) e Patsh Adams (98), entre outros.
Naturalmente fazia uma comparação com a minha rala experiência de vida e a riqueza de detalhes e a complexidade psicológica com que Robbin compunha os figuras – e me perguntava:
“Como o cara faz isso, meu?”
É um dom, é talento, é trabalho…
Imaginava – e ainda imagino – que deve ser muito bom poder olhar para trás e ver essa galeria de tipos inesquecíveis que faz parte do universo de sonhos de muita gente mundo afora. Deve dar uma sensação de dever cumprido. Um orgulho danado do que se fez.
Ainda mais: mora na Califórnia, não tem crise de grana, está com saúde.
“Deve ser o cara mais feliz do mundo” – concluía.
Leio nos jornais a notícia da sua morte, e como aconteceu. A idade vem em destaque no título. Fico surpreso, e triste. Penso nas coisas que o ator ainda poderia fazer e/ou ensinar. Viver.
Falam em depressão, o incontornável mal do século. Como e onde se perde o fio da meada? A solidão dos dias de hoje, em meio a tanta gente, em meio a tanta tecnologia, a tantos projetos, a tanto falatório.
Todos temos algo a dizer.
Quem vai nos ouvir?
É inevitável lembrar histórias que vi no cinema, que tratam do tema fama/ascensão e queda. “Crepúsculo dos Deuses” talvez seja o mais emblemático. “Luzes da Ribalta”, de Chaplin, o mais tocante. Há outros e tantos outros.
Mesmo assim, não me conformo, e volto a me perguntar:
“Como o cara faz isso, meu?”
A vida é um longo e sinuoso caminho.
Que Deus o tenha, e nos guarde!