Aviso logo.
Não estou para conversinha.
Então se você não consegue controlar o sorriso de deboche diante de tudo que está previsto para hoje, passe longe.
Não estou no barulho de ouvi-lo.
Menos ainda de partilhar da canhestra euforia de ver a farsa de Michel Temer, o traíra, chegar à Presidência na sexta, dia 13, ao lado dos derrotados nas urnas em
2014.
Aliás, a coincidência das datas é bem emblemática. Tivemos um Golpe em primeiro de abril de 1964 e outro se perpetra agora em uma sexta, dia 13.
A tal Ponte Para o Futuro é, na verdade, “o rodoanel para o inferno”.
Quem viver verá. Inclusive, os teletubbies, as fofoletes, os patuscos da Fiesp e os paneleiros de plantão. Mas, a conta quem paga é sempre o trabalhador mais humilde.
II.
Antes que me esqueça, esclareço logo que a precisa analogia entre os rabiscos em forma de plano de governo do PMDB (na verdade, uma carta de intenções para cativar os conspiradores) e o quinto dos infernos, não é de minha autoria, não.
Eu a ouvi ontem no encontro que o Centro Acadêmico de Jornalismo promoveu no salão nobre da Universidade Metodista de São Paulo com integrantes da chamada Caravana da Democracia e que se intitulou “Reflexões Sobre a Crise Brasileira”.
Participaram do evento – que reuniu aproximadamente 150 pessoas – os seguintes palestrantes: o rapper Rincon Sapiência, o editor do site da revista Carta Capital, José Antonio Lima, a doutora em economia de desenvolvimento Fernanda Cardoso, o advogado Aton Fon, a presidente da União Estadual dos Estudantes, Flavia Oliveiras, e o advogado e coordenador do Comitê Brasileiro em Defesa da Democracia, João Vicente Neves.
III.
Tive a honra de ocupar a tribuna, ao lado do amigo e professor Osvaldo de Oliveira Santos Júnior, para recepcionar os convidados e abrir os trabalhos.
Minha fala foi aquela que bem sabem os que aqui me acompanham.
Lembrei o encontro com o dramaturgo Gianfrancesco Guarnieri lá nos confins dos anos 80, quando ele ocupava a Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. O prefeito era Mario Covas.
Ambos estavam animados com a mobilização pelas Diretas que engatinhava e já falavam de um País redemocratizado, solidário, fraterno e socialmente mais justo.
“Um Brasil de todos os brasileiros”, sintetizou Guarnieri, com brilho nos olhos e a certeza de que semeávamos dias melhores.
IV.
Durante anos a fio, usei a frase em diversos textos que publiquei e, de tanto que a escrevi, até pensei que fosse minha.
Ontem, citei o verdadeiro autor e voltei a usá-la para dar o tom do que hoje entendo e sinto. Um País que tem a frente michels, gilmares, bolsonaros, caiados, aécios, alckmins, fhcs, skaafs e assemelhados está cada vez mais distante deste Brasil almejado para todos os brasileiros.
V.
O painel terminou com a frase de um dos palestrantes, o João Vícente, que disse o seguinte:
“A pior ditadura é a do Judiciário.”
E ele é advogado.
(Estamos pegos.)