O goleiro do Santos era o imbatível Rodolfo Rodrigues. Alto, magro, cara de poucos amigos, o uruguaio fechava a meta santista com defesas espetaculares. Numa partida, diante do América de São José do Rio Preto, fez cinco “milagres” em chutes consecutivos. Parecia o homem elástico, ia de um lado a outro do gol, sem deixar que a bola passasse. Impressionante.
Num jogo no Mineirão, Rodolfo Rodrigues encontrou o seu algoz. Um garoto dentuço de pouco mais de 17 anos, centro-avante do Cruzeiro. O Santos perdia de dois ou três a zero – se quiserem esclarecer procurem o Google ou o PVC – quando aconteceu a humilhação maior. Rodolfo Rodrigues se estirou todo para defender um tirambaço de um dos atacantes cruzeirense. Conseguiu segurar a bola, mas a colocou no chão para reclamar de mais um vacilo da sua zaga. No que abriu os braços, o garotão abusado roubou-lhe a bola e tocou para o fundo das redes.
A cena foi lá pelo comecinho dos anos 90. Deve haver imagem da molecagem no You Tube ou coisa que o valha, é bem provável. Desde então, não tive dúvidas: o tal de Ronaldinho era mesmo um craque raro.
Questão de tempo, e as suspeitas se confirmariam.
É uma história que todos conhecemos. Passa por clubes de ponta do cenário mundial (PSV, Barcelona, Inter de Milão, Real Madrid e Milan), por vitória em duas copas (94 e 2002), pelo imponderável da Copa de 98 em Paris, por romances bombásticos, escândalos e a dilacerante seqüência de contusões que a mídia espalhou pelos quatro cantos do Planeta.
Aos 32 anos e uns bons quilos a mais, Ronaldo, se quisesse, poderia parar com essa bobagem de ficar correndo atrás da bola profissionalmente. Tem o suficiente para se dar o desfrute de vida tranqüila circulando no jet-set internacional.
Ele não é santo, nem herói. Longe disso. Mesmo assim resolveu, corajosamente, encarar o desafio de dar a volta por cima. E no Corinthians…
Amanhã as sirenes do Parque São Jorge tocam para recepcioná-lo.
Torço para que se dê bem.
E olhem que sou palmeirense. Vá entender…