Tento em um só post reverenciar duas datas:
1 – o centenário do grande João Saldanha [que se deu ontem, 3 de julho]
2 – os quinze anos da tragédia de Sarriá [a serem completados amanhã, quando este humilde cronista já estará em gozo de férias].
Para tanto valho-me de parte da apresentação que o jornalista Ruy Castro fez para o livro “O Trauma da Bola – A Copa de 82”, de autoria do saudoso João, que retrata o Mundial de 82 e as razões que culminaram para a nossa derrocada diante da Itália, por 3×2, naquele fatídico 5 de julho.
“O país estava em estado de graça. Com Zico, Falcão, Sócrates, Cerezo e Júnior – a mais brilhante geração brasileira desde a de Pelé e Garrincha -, a Seleção parecia invencível. E, então, veio o jogo contra a Itália, no dia 5 de julho, em Barcelona. Perdemos. O Brasil voltou para casa – para uma casa habitada por 120 milhões de torcedores atônitos com o desastre. Um TRAUMA DA BOLA nacional. Mas, na Espanha, mesmo durante as vitórias, um homem não se cansara de denunciar os erros da preparação, as teimosias do treinador e a possibilidade de uma decepção: João Saldanha.”
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João Saldanha é um marco na história do jornalismo esportivo brasileiro. Nasceu em Alegrete (RS). Foi treinador do Botafogo (campeão carioca de 1957) e comandou a seleção brasileira nas eliminatórias para a Copa de 1970. Ao lado de Armando Nogueira e Nélson Rodrigues, forma a tríade que inspira ainda hoje nossa crônica esportiva. Já naquela época, o homem era multimídia, com participação na TV, no rádio e no jornal impresso.
Seu livro “Subterrâneos do Futebol”, lançado em 1963, é um oráculo para as novas gerações.
João Sem Medo (apelido que recebeu pela sua firme atuação política, mesmo em tempos ditatoriais) morreu em 1990, em Roma, após a décima quarta Copa do Mundo. Fez questão de ir para a Itália, contrariando ordens médicas. Foi a décima segunda Copa em que trabalhou…
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Fiquem com Deus, caros leitores.
Volto lá pelo dia 20 de julho.
Abraço