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Santa Paulina

Foto: Santuário de Santa Paulina, em Nova Trento, Santa Catarina/Divulgação

Conheci a história de Madre Paulina em 1988.

O jornalista Ismael Fernandes descobriu que estava em andamento o processo de beatificação da madre que viveu e morreu no Ipiranga. Em sucessivas reportagens, o saudoso amigo e repórter revelou que a futura santa passou a maior parte de sua vida no tradicional bairro paulistano. Ali, fundou a Congregação das Irmãzinhas da Imaculada Conceição e semeou virtudes como solidariedade e amor a Cristo e, por extensão, à toda humanidade.

Ismael sempre que visitava a sede da Congregação, na avenida Nazaré, no bairro do Ipiranga, onde estão os restos mortais e há um museu em homenagem à madre, voltava entusiasmado com a possibilidade da beatificação e posterior canonização. Considerava uma questão de tempo, tantas e tão valiosas eram as lições de vida da Madre Paulina. Entendia que não tardaria o reconhecimento dos milagres necessários para o andamento e a validação do processo.

Em meio a tantas e quantas lições, houve uma história, de coragem e desprendimento, que revelou a grandeza de caráter de Madre Paulina bem como a inquestionável vocação para servir a Deus. Como fundadora, madre Paulina também exercia a função de superiora da Congregação que, por sua vez, crescia a olhos vistos. Dia a dia, aumentavam o atendimento aos doentes e desamparados e, principalmente, às crianças. Outros núcleos foram criados e, com igual rapidez, espalharam-se pelos estados brasileiros e depois pelo mundo. Era um desafio administrar uma instituição com tamanha complexidade e propostas tão enternecedoras.

Foi quando em São Paulo houve uma mudança do bispado. O novo bispo, por uma visão pessoal, achou que Madre Paulina já não correspondia às expectativas da própria Congregação que criara e decidiu destituí-la da função de superiora.

O que fez então a Madre?

Transferiu-se da sede da Congregação para um modesto convento em Campinas e lá, como se o tempo não tivesse passado, recomeçou praticamente do nada o atendimento aos doentes, aos pobres, aos velhos e às crianças. Era uma como outras tantas e quaisquer irmãzinhas, com as mesmas tarefas diárias, que incluíam fazer comida, lavar, passar, entre outros tantos serviços.

E, contava Ismael, um leitor assíduo de sua biografia, não havia qualquer constrangimento na realização dessas incumbências. Madre Paulina era sinônimo de empenho, carinho e dedicação.

Um belíssimo exemplo.

O que realmente lhe importava era servir a Deus e ao próximo.

Gosto de ler sobre a vida dos santos. Eles inspiram modelos de retidão e coragem. Noto que, em muitos deles, a vocação religiosa é o caminho que trilham para consagrar, a cada passo, a construção de um mundo menos injusto, de valores mais verdadeiros na construção da paz.

9 de julho é o dia dedicado à primeira santa brasileira, embora nascida na Itália.

Tenho plena confiança em Santa Paulina.

Que nos abençoe em nosso trôpego e humilde caminhar.

*Texto publicado no livro “Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões”.lançado em 2010. Neste 19 de maio, celebra-se o 21° aniversário de sua canonização em Roma, pelo Papa João Paulo II. Vale a lembrança em feitio de oração e também a reverência ao amigo Ismael Fernandes, de saudosa memória.

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