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São Paulo em canções

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Foto: Ponte Estaiada/Divulgação

“Só se conformemo quando o Joca falô:

Deus dá o frio conforme o cobertô”

Começo citando o samba Saudosa Maloca porque falar da cidade de São Paulo e as canções que a reperesentam e não citar Adorniran Barbosa, não existe.

Fiquemos com Saudosa Maloca, mas poderiam ser tantas outras. Iracema, Trem das Onze, Samba do Arnesto, aquele em que “nós fumos e não encontremos ninguém

Também indispensável citar a trágica Ronda, de Paulo Vanzolini tipicamente paulistana, a retratar nossa vida noturna da cidade nos idos do pós-guerra :

“Cena de Sangue num bar da Avenida São João.”

São São Paulo, meu amor, carece de definição na data em que completa 470 anos de vida e de contrastes. Inclusive de sentimentos.

Há os que amam.

Há os que odeiam.

(Ou dizem odiar…)

Para muitos, a Cidade, mesmo que não seja maravilhosa, é única, imprescindível.

Quem a entende assim, certamente, a vê como sinônimo de grandeza, força, pujança, trabalho, prosperidade, desenvolvimento, alegrias, esperança.

Solidariedade.

Uma cidade fraterna?

Até “as luzes da cidade não chegam as estrelas sem antes me buscar“, lembra a roqueira Rita Lee na bela interpretação de Zélia Ducan.

O contraponto surge em forma do fracasso iminente, anunciado e atende pelo nome de desemprego, violência, intolerãncia, miséria, competição, individualismo exacerbado. É o cada um por si da metrópole.

“Estava mais solitário que um paulistano“, diz a canção do cearense Zeca Baleiro.

O paulistano Criolo é dvastador na abordagem:

“Naõ existe amor em SP.”

De um jeito ou de outro, todos essas frases nos remetem à envolvente Sampa do velho-baiano Caetano Veloso que foi amorosamente crítico em seu olhar sobre a Cidade.

Na eterna “Sampa”, emprestou o pensamento do poeta Décio Pignatari para definir a cidade:

“Pois é do avesso, do avesso, do avesso o avesso.”

Há outras tantas e belas canções a reverenciar São Paulo.

Talvez seja oportuno recordar que, antes de Caetano, outro baiano já havia tomado a cidade como fonte de inspiração.

Tom Zé venceu o atribulado Festival da Record de 1968 ao proclamar São Paulo e seus contrastes.

O refrão vitorioso era prova do arrebatamento próprio aos que aqui chegam e entendem toda sua grandiosidade.

“São, São Paulo, quanta dor/ São, São Paulo, meu amor.”

À essa época, dizia a canção, viviam por aqui 8 milhões de habitantes.

(Hoje são quase 12 milhões e quequérecos.)

E já se ouviam reclamações do trânsito, enchentes, poluição, governantes, da vida agitada.

É a famigerada selva de pedra.

A esfinge e o enigma.

Enfim…

A cidade continua como um desafio aos novos e velhos baianos, aos paulistanos que assim se assumem mesmo que originários de todas as partes do Brasil e do mundo.

Incluo aqui tanto a japonesa loura ou a nordestina moura, como descreveu o conjunto Premê na canção debochada, arremedo de New York, New York, que o grupo fez em homenagem a São Paulo de todos nós:

“É sempre lindo andar na cidade de São Paulo
O clima engana, a vida é grana em São Paulo…”

Incluo aqui a mim mesmo que nasci no bairro operario do Cambuci, mas moro em São Bernardo do Campo há mais de 40 anos.

São Paulo é a minha cidade.

É a cidade de todos.

A megalópolis que se renova a cada manhã.

Por ser feita feita de gente e sonhos.

São Paulo merece a própria sinfonia…

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