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Saudamos Caetano e Bethânia…

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Foto: Caetano Veloso e Maria Bethânia, indicados ao Grammy de melhor álbum/Divulgação

A Academia de Gravação anunciou nesta sexta-feira os indicados ao Grammy, a premiação de maior prestígio da indústria da música. Caetano Veloso e Maria Bethânia estão entre os nomeados na categoria melhor álbum de música global, pelo disco “Caetano e Bethânia Ao Vivo” lançado em maio deste ano. O trabalho traz 42 músicas em 33 faixas, e entre elas estão sucessos como “Reconvexo”, “Alegria, Alegria” e a inédita de Caetano “Um baiana” – um samba-reggae apresentado apenas nos dois últimos shows da turnê.”

(Agência Brasil)

Fiquei feliz ao ler notícia.

Tentei explicar a mim mesmo o sentimento repentino de (quase) uma vitória pessoal:

Se existe a tal “vergonha alheia”, certamente existirá o saboroso contraponto “orgulho alheio”, concordam?

É assim que defino a manifestação.

Parece que sou parte da eventual conquista – e nem sequer ao show eu assisti quando passou por São Paulo.

Estranho, não?

Coisas do coração, diria.

Estranho mesmo, se os amigos querem mesmo saber, foi a tal notícia me fazer lembrar aquele mais antigo dos anos – para variar – vivido na velha redação de piso assoalhado etc etc etc.

Sentem que lá vem história.

E das boas!

O colunista de TV e Cinema, o saudoso amigo Ismael Fernandes, fez uma ampla pesquisa que deu embasamento a uma detalhada reportagem sobre a Noite do Oscar daquele dito ano.

(Final da década de 70, talvez.)

Nosso combativo semanário regional circulava às sextas-feiras.

A entrega do Oscar seria no domingo à noite.

Recebemos o material na quinta à tarde, dia do fechamento da edição.

Acordamos, eu e o Nasci, os jornalistas responsáveis por editar a primeira página naquela data, que daríamos uma boa chamada da matéria do IF (assim o chamávamos, pela junção das iniciais) na capa do jornal.

Precisaríamos de uma imagem do filme que o Isma (outro dos apelidos que lhe dávamos) nos indicasse quem, na sua abalizada opinião, era o favorito na premiação de “melhor filme”.

Ligamos para ele.

Qual foto você sugere para dar um destaque na primeira página?

A resposta foi surpreendente:

– Destaque? Pelo trabalho que tive merece ser a manchete do jornal.

Como assim? Manchete, cara? Somos um jornal regional, esqueceu? Impossível.

– Manchete, sim – insistiu o Lirou (outro dos apelidos que recebeu, sem origem definida) consciente do belo trabalho que havia feito.

Disse isso a ele. Que, por sua vez, se mostrou irredutível.

– Ou sai como Manchete. Ou nem precisa publicar. Vou encaminhar a outro jornal.

Olha o bocudo!

Na verdade, não sabíamos se ríamos ou chorávamos do lado de cá da ligação. De onde o maluco tirou essa ideia de um jornal do bairro do Ipiranga dar a escolha do Oscar como Manchete da semana?

Vale dizer, que naquela redação de mal-ajambrados, a provocação recíproca era a regra do jogo.

Não importava hora, não importava tema, tudo era motivo para desafios e inevitáveis zoações.

Lembro que a camaradagem imperava. Mesmo assim, não fazia sentido aquele embate. Era um conversê de loucos, sem sentido. Estava entregando os pontos. Não daríamos notícia nenhuma do Oscar e…

… e o Nasci, sempre o Nasci, ofereceu duas sugestões como denominador comum.

A saber:

1 – mudar o nome do jornal para Hollywood News ou coisa que o valha e passar a circular em Beverly Hills;

2 – ou (igualmente inviável) escrever no alto da primeira página daquela edição em letras garrafas o seguinte título:

NOSSO JORNAL E

OS MORADORES DO IPIRANGA

SAÚDAM OS FUTUROS

VENCEDORES DO OSCAR

Não preciso dizer, mas digo que rachamos de tanto rir. Todos. Inclusive o Ismael.

Ponto final na sessão “palhaçadas & risos frouxos”, fizemos uma edição normal, com a devida manchete de um fato regional. A reportagem do Oscar teve a chamada que merecia.

E, inevitável, o divertido bate-boca entrou para o folclore da nossa querida Gazetinha.

Pois, então meus claros e preclaros,

no embalo desas lembranças veio-me o incontrolável impulso de hoje, aqui, em nosso humilde Blog sacramentar o meu incontido desejo de manchetar:

“SAUDAMOS

CAETANO E BETHÂNIA

PELA MERECIDA INDICAÇÃO

AO PRÊMIODE MELHOR

DISCO DO ANO”.

Ou seja, o Isma tinha razão.

E tenho dito e escrito!

TRILHA SONORA

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