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Sem noção

Conversa no vagão do Metrô, em São Paulo:

– Cara, durmo e meus sonhos não têm mais aquele final feliz. Sabe como?

– Acorda, malandro. Se liga, no Brasil de hoje, tu ainda consegue sonhar. Já está de bom tamanho, não?

Pano rápido.

Quer dizer, então, amigo leitor, prezada leitora, que aquele ilustre Procurador-Geral da República foi à sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília, com o revólver na cintura e a ‘meiga’ intenção de assassinar um dos eméritos juízes do STF e, posteriormente, ele próprio se matar…

É isso?

Ou perdi alguma parte importante?

Hã?

A coisa toda envolve um diz-que-diz sobre a esposa de um e a filha do outro.

Foi em 2017 – e agora o quase-assassino, quase-matador conta tudo num livro de memórias.

Sei, sei…

Sem detalhes sórdidos, por favor.

Perdi tá perdido. Deixa quieto.

Em casos assim, melhor perder do que achar, concorda?

O livro vai vender um bocadinho mais, desconfio.

Mas, na idade em que estou, prefiro algo literariamente mais classudo.

Não gostei da trama.

Me incluam fora dessa, por favor.

O quê?

O notável presidente da Câmara Federal, aquele que já se imagina presidenciável em 22, fez piada sobre o assunto para amainar o dia de seus pares e iguais.

Sim, sim, e o que ele disse?

Ah, que deve haver uma fila de investidores internacionais ávidos para desembarcar carradas de dólares num país em que há dois proeminentes senhores da Justiça, um falando em matar e o outro chamando de facínora e recomendando psiquiatra ao outro.

Tem razão também este sem-noção.

Mas, sinceramente, não achei muita graça, não.

Temo que não seja a hora, nem o momento.

Mermão, como diria o Marceleza, “o que é que está acontecendo?”

Parece que não há saída.

E olhem que tudo começa com a visão de Jesus no pau da goiabeira.

A roda gira para trás.

E não para…

A ‘rachadinha’ do desaparecido Queiroz.

O filho chapeiro de hambúrguer e cotado para embaixador.

O esfacelamento da Educação.

O besteirol grassando solto no Ministério das Relações Exteriores.

A Vaza Jato a desnudar os reais interesses da República de Curitiba.

A explosão da desigualdade social.

A Amazônia em chamas.

O entreguismo deslavado, a subserviência aos Estados Unidos.

O vexame do presidente na ONU.

Voltamos à fase da República das Bananas ou ‘dos bananas’.

(Há quem diga que dela nunca saímos.)

Decididamente, nossa realidade está mais para pesadelo.

O Gigante, aquele adormecido, finalmente acordou. Olhou para um lado, viu a algazarra dos patos da FIESP; olhou para o outro, só patacoadas e retrocesso. Temeu por uma bala perdida.

Sem noção e assustado, decidiu rápido.

Mudou de lado, e voltou a dormir (mesmo com todo esse barulho)

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