Foto: Arquivo Pessoal
Não se iludam, amigos.
Deixem que eu me iluda sozinho.
Não estou em Paris.
Seria bom demais.
Mas, não.
Estou no shopping perto de casa.
Vim espairecer no fim de tarde da sexta-feira – e tomar meu café de praxe.
…
A réplica da Tour Eiffel?
Ganhei de uma meninota à porta de uma perfumaria como brinde promocional.
O papelucho contém uma pequena amostra do perfume em promoção.
“Aproveite a oferta, moço. 99,90 o frasco.”
…
Agradeço pela gentileza do descabido ‘moço’, mas declino da oferta.
De qualquer forma, já estou em outra dimensão.
Quer dizer, minha mente viaja pelas ruas parisienses.
Coisa de quem, como eu, tem uma tendência a imaginar coisiquinhas.
…
Ah, Paris…
Sempre bom lembrar a Cidade Luz.
Tenho comigo que Paris se faz ainda mais romântica ao enfeitar-se de branco, telhados e ruas.
Basta nevar.
…
Me ocorre uma singela lembrança.
Eu e os meus estávamos hospedados próximos à Gare de Saint Lazare. Queríamos conhecer Versailles, cidade nos arredores parisienses onde existe o tal palácio que, dizem, inspirou o arquiteto italiano Tommaso Gaudenzio Bezzi na construção do nosso Museu do Ipiranga.
Fomos até Saint Lazare, mas logo descobrimos que deveríamos nos dirigir para a Gare do Nord, de onde parte o trem para Versalles em horários precisos.
…
Adiamos o passeio – e ficamos por ali pensando no que fazer e olhando o movimento.
Chamou minha atenção um senhor que chegou cantando em voz alta, como se nada mais houvesse no mundo.
Ele, a canção e as próprias lembranças.
Bateu um não-sei-o-quê de saudade ali na hora que, mesmo agora, quando eu próprio estou a remoer recordações e sentimentos, fico a me perguntar se era coisa minha, do cantante ou da dolência natural à cidade e a música romântica francesa?
Estou sem resposta ainda hoje.
…
A propósito, eis a canção:
O que você acha?