Continuemos, pois, o papo de ontem…
Como dizia, nem tudo tem – ou precisa ter – explicação nos dias de hoje.
Vão para ad cucuias, na internet, todos aqueles axiomas que, em priscas eras, fundamentaram o Jornalismo. Inclusive – e principalmente – aquele que define notícia por meio do simpático exemplo que caninamente ouvíamos e reverberava nas redações antigas e barulhentas.
Parece que vejo o velho Marques, óculos a equilibrar-se na ponta do nariz, a nos ensinar: o cachorro morder o rabo é comum, faz parte. Já quando o rabo morder o cachorro aí, sim, é notícia.
II.
No vale-tudo que hoje prevalece, sobram mistérios.
Um deles – o mais chinfrim deles, creio – é como este humilde de cronista de jornal sem jornal resiste e sobrevive no improviso do blogueiro.
Querem um exemplo, dada chinfrim e dos mais gratificantes?
(Aguardem cenas dos próximos blocos.)
III.
Semana passada, relatei em um post (ui!) em que relato, com (in)certa emoção, o meu encantamento e as minhas reflexões diante de uma criança solitária em uma caixa-de-areia em parque de São Paulo.
O garoto, com sua pazinha de plástico colorido, fazia, desfazia e tornava a fazer (o que imaginei ele imaginasse ser) um castelo de areia.
Pois vejam o que aconteceu…
IV.
Dias depois, o blogueiro/cronista recebe em seu email pessoal um vídeo de uma linda garotinha (dois anos, se tanto) a reproduzir a mesma brincadeira em uma praia nos Estados Unidos.
Em bom português, a zelosa mãe (que não aparece em cena e não me autorizou a divulgar o vídeo) faz a pergunta:
– Está fazendo um castelo, filha?
E a menina, docemente contrariada, responde:
– É casinha mãe!
V.
Para o blogueiro, uma conquista considerável (mesmo sabendo que, no mundo virtual, os Estados Unidos sejam logo ali).
Para o cronista, algo descrente, lavado e enxaguado em tantos e tantos dias de chuva, uma emoção inenarrável.