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Seres em extinção…

Sou convidado para assistir a uma palestra que fala sobre o encontro das gerações, as novas tecnologias e as redes sociais. Fico sabendo, então, que pertenço a uma leva de seres em extinção: os baby boomers.

Seja lá o que isso quer dizer, pressinto que não é lá grande coisa, não.

Tudo bem, vida que segue…

O rapaz no palco, ali em frente, usa microfone de lapela e me parece desenvolto no que diz e na “mise en scène” para convencimento da simpática plateia, onde me incluo – e percebo em mim uma (in)certa aflição.

(Perdoem-me, mas o os baby boomers sabem o que é “mise em scène”. Quem não sabe, vá ao Google – e boa sorte!)

II.

Explico o desconforto.

O simpático ilustra sua bem encaminhada argumentação, com perguntas e experiências do próprio público.

‘Vai sobrar para mim’, penso.

— Quem aí está no Orkut?

Ufa! Desta e de tantas mais estou fora.

Dois ou três senhores levantam a mão. Poucos, para um auditório de 200 pessoas, quase todos professores universitários.

O palestrante dá uma orientação em tom de deboche:

— O que vocês ainda estão fazendo aí? Querem ser chamados de jurássicos? Este vacilo compromete a reputação de vocês.

E se põe a defender as modernas plataformas de interação e comunicação com os diversos públicos.

III.

Um arrepio percorre minha espinha. Só agora me dou conta de minha triste realidade – e do possível vexame que poderei passar.

Eu antecedo aos ‘dinos’ e afins.

Se o homem perguntar quem não tem facebook, desconfio serei o único a me pronunciar. Imaginariamente ouço a vaia de alguns dos meus pares e a expressão de incredulidade de outros… Serei expulso do recinto, seguramente.

Sinceramente, se o senhor de todas as palavras me indagar o porquê de tamanha ausência, de tamanho vazio, o quanto essa alienação do Planeta compromete minha existência, juro não saber o que responder.

IV.

A única coisa que passa pela minha cabeça é encarar a verdade de frente.

Não tenho o menor interesse em saber o que o pessoal anda comendo, bebendo, sapateando, se está numa boa ou teve um piriri, se viajou ou ficou moscando em casa…

Acho que vai soar agressivo.

Penso então numa resposta evasiva.

— Alguém precisa não ter até para preservar a vida real.

* amanhã continua…