Foto: Sergio Mendes/ Reprodução do Instagram
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“Morreu nesta sexta-feira (6), aos 83 anos, em Los Angeles, nos Estados Unidos, o músico brasileiro Sergio Mendes. O artista ficou conhecido internacionalmente e foi um dos responsáveis pela difusão da bossa nova e do samba pelo mundo.”
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A notícia é daquelas que nos entristecem – e calam.
Fazem pensar, e pensar – e lembrar.
Para mim, é inevitável lembrar a noite em que, ao lado de Armando Pittigliani, assisti ao documentário sobre os 50 anos do lançamento dos disco Samba Esquema Novo, que lançou o então Jorge Ben para o cenário artístico do Brasil e do planeta.
Era uma produção feita por estudantes de jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo – e, mesmo sem o depoimento de Jorge (avesso a essas peregrinações pelas coisas do tempo), foi
aplaudidíssimo pela plateia. Muito justo. Os estudantes conseguiram captar a relevância do álbum para a MPB, o legado para as diversas gerações de artistas e, principalmente, para os cultores do som Made In Brazil mundo afora.
Pittigliani foi produtor do disco (1963) e assinou um elogioso texto na contracapa:
“É um fenômeno mesmo, pois desde há muito, não aparecia ninguém como ele no meio artístico verde-amarelo”.
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Pois, então, meus caros…
Naquela noite, numa conversa informal, Pittiglini fez questão de reconhecer outro fenômeno musical que foi importantíssimo para a explosão internacional de Ben e outros tantos nomes de músicos brasileiros.
Seu nome: Sergio Mendes.
Nossa música – disse-me Pittigliani, não exatamente com essas palavras, mas com o mesmo teor – só é o que é hoje, no mundo, graças à genialidade de Sergio Mendes. Sua gravação de “Mas Que Nada”, em 1966, já nos Estados Unidos, alcançou um enorme êxito, rompeu barreiras e liderou todas as paradas de sucesso de então. Algo impensável. Um feito aos moldes do que fez Carmen Miranda em décadas mais remotas.
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Mendes era da leva de pianistas talentosos que vicejavam nas noites do Rio. Andavam de uma boate para outra em busca de um cachê que lhes garantisse a sobrevivência. Tom Jobim, Newton Mendonça, Luizinho Eça, Walter Wanderley, entre outros.
Muitos músicos dessa geração, assim como Mendes, migraram para os Estados Unidos em meados da década de 60 assim que a bossa nova começou a repercutir por lá, como uma mistura excêntrica do jazz e do samba.
Poucos, no entanto, conseguiram romper, como Mendes, os limites dos guetos e dos clubes de jazz para se tornar um fenômeno popular que perdurou por uma jornada de mais de 60 anos.
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Outra de suas crias internacionais, o músico Carlinhos Brown escreveu hoje um longo texto no Instagram em que reverencia e agradece a generosidade do Mestre.
Um trecho:
“Minha curiosidade e a busca em aprender com músicos de qualidade me levaram a conhecer Sergio Mendes através de seus álbuns. Eu já o admirava muito, junto a outros ídolos dele que eram meus também, como Johnny Alf e outros tantos grandes nomes. Afinal, é o brasileiro que tocou com Frank Sinatra, que gravou com Sarah Vaughan, Stevie Wonder e que sempre teve um pensamento jovem sobre a música. Ele lidava com a música como um adolescente, sempre em busca de descobertas.”
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Um encontro no ano de 1979:
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O que você acha?