Foto: Arquivo Pessoal
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Laurinha é um tiquinho de gente que mora em São José do Barreiro.
Talvez pela minha barba grisalha e, por vezes, descuidadamente longa, ela tomou para si a doce certeza de que sou o próprio Papai Noel – e me premia, acreditem, com olhares de encantamento.
Por favor, caríssimos leitores, não critiquem o gosto da menina.
Considerem que ela deve ter quatro, cinco anos, se tanto.
Aliás, se vocês se recordarem bem, escrevi uma crônica sobre nosso primeiro encontro no Blog.
Chama-se Sessão Fofura. Leia AQUI.
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Na semana passada, tirei uns dias para visitar a pequena cidade do Vale do Paraíba.
Como sempre acontece quando estou por lá, vesti bermuda e camisa florida, enfiei um desses chapéus de pano e aba curta na cabeça e fui borboletear na pequena praça da Matriz, toda enfeitada para o Natal que se aproxima.
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Estava ali, no remanso de um dos bancos, olhando tudo e nada, como é do meu feitio e gosto.
De repente, me aparece a Laurinha pela frente.
Sessão Fofura 2
Me dá um abraço, sorri um sorriso desfalcado de um dos dentes da frente; estica um dos bracinhos e rouba o meu chapéu.
Ato contínuo, revela o meu segredo ao mundo:
– Tá disfarçado, né, Papai Noel!
Não tive como negar.
Quem resistiria?
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Para o mundo e, muito especialmente, a Laurinha, Papai Noel deve vestir vermelho. Sempre.
Não importa a época do ano.
Especialmente quando estamos em dezembro por óbvios motivos.
É a tal liturgia do cargo.
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Outra coisa que, desconfio, ela acha em seu país das maravilhas:
Todo mundo que veste vermelho é parente, funcionário ou muito próximo do dito Bom Velhinho.
Realço – e não abro mão do meu direito – que esse cara sou eu.
A música é do Roberto (que teve especial ontem na Globo), mas é a Laurinha quem diz.
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Leio agora a notícia que na partida de hoje (pelo Mundial de Clubes, em Doha, no Catar), o Flamengo entra em campo com seu segundo uniforme, aquele de camisas brancas, assim como aconteceu na vitoriosa e histórica final de 1981.
Já o Liverpool vai com o fardamento principal. Meiões, calções e camisas vermelhos.
Hummm!
Por isso que eu,,, eu…
Sou brasileiro e tal e cousa e mariposa, mas…
Eu não sei não!
Hohoho.
Mas, vou torcer leve e suavemente para os meus camaradas.
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Delma
21, dezembro, 2019Seu texto é saboroso de ler, Rodolfo. Uma delicadeza. Para mim o gosto é mais especial porque sou tia da Laura e descobri que ao contrário de mim ela conseguiu encontrar o Papai Noel. Tentei na minha infância. Numa das vezes, ele chegou a bater na porta de casa, numa situação arquitetada pelo meu Pai. Corri, abri a porta e o presente estava lá. “Mas cadê o Papai Noel”, perguntei para o meu Pai, ” Ele tem muito presente pra entregar, não pode demorar”, ele explicou. Que alegria para minha sobrinha neta Laura encontrá-lo em plena praça, até disfarçado, e mesmo fora da época do Natal!!!
Adriana
22, dezembro, 2019Que lindo e doce texto! Me fez viajar até esse momento… imaginando o brilho dos olhos da Laura e sua alegria em constar que descobriu seu disfarce kkkk
Laurinha é um encanto!