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Sinatra e o dinossauro

“Hahahha… Doido… doido… Mil vezes doido…”

Sei que a maior parte dos meus cinco ou seis leitores é composta por mulheres, ok? Não dá para afirmar com precisão, mas é o que se depreende dos emails e comentários que recebo sobre os posts.

Então, vamos lá, minhas caras. Ajudem-me a decifrar o enigma do email acima que um certo amigo recebeu de moça incerta por quem, aliás, está encantado.

Diria que encantado é um belo eufemismo – mas, cabe bem aqui.

Assim a coisa fica, digamos, mais leve.

Como sou um cara do século XX, não consigo entender a modernidade dos tais relacionamentos via email, orkut, msn, torpedos e outras trapitongas do gênero. Portanto, não soube o quê lhe responder. Se a mensagem é boa, se é um chega pra lá ou se não é nada.

Na verdade, fico mesmo com a última opção — mas nada lhe digo.

Ele, afinal, é meu amigo.

Imagino o que aconteceu.

A moça estava tristinha certa noite. Uma bobaginha. Brigou com o namoradinho. Ou se indispôs com o chefe ou teve qualquer outro contratempo passageiro. Então, se pôs em frente ao computador. Abriu os emails, visitou alguns blogs, foi até o orkut, leu algumas notícias e viu lá uma informação qualquer que fez lembrar-se do nosso amigo.

Sem sair do lugar, ligou a TV e baixou a nova música (?) da Claudinha Leite, agora em carreira solo, e lhe bateu uma coisinha assim estranha. Uma vontade de vê-lo, de conversar com ele. Falar e ouvir – coisa rara, hoje em dia.

Há os que falam, falam, falam…
Há os que só ouvem…
Há os que nem falam, nem ouvem – e são os nerds.
Ou os que nada são. Nem falam, nem ouvem – teclam.

De qualquer forma, a moça não resistiu a tentação e saiu a disparar emails para meio mundo. Um para ele. Nada importante, tipo assim:

“Oie. Me deu saudades. Como você está. Me manda notícias.”

Ele respondeu.

Disse que ficou feliz com o email. Que estava fazendo isso, aquilo e aquiloutro. Que também pensava nela. Que coincidência, poderiam se ver e tal.

Foi o suficiente para a moça congelar. E responder laconicamente.

“Hahahaha… Só você mesmo…”

Ele retornou. Emeiou que era um cara legalzinho. Um tanto sem futuro. Mas, divertido e que poderiam se encontrar.

Foi o suficiente para ela cravar o email supra citado e abaixo repetido:

“Hahahha… Doido… doido… Mil vezes doido…”

E aí como vocês me traduzem tal comentário?

Digam lá…

Seja qual for o veredicto peguem leve, por favor. O cara é sensível. Digamos que um tanto sem futuro. Mas, é divertido…

E, afinal, é meu amigo…

II.

Na esteira dessa história, lembrei de outra recente.

Uma jovem amiga me emeiou dizendo se eu conhecia o Fulano de Tal.

Conheço, respondi. Foi meu aluno.

Ele é um fofo, ela retornou de imediato.

Devolvi dizendo que não era lá o meu tipo inesquecível.

Mas, lembrava do menino, sim. Claro…

Aí ela me confessou:

“Acho que estou apaixonada por ele.”

Que bom, acrescentei.

"O que você acha?" – perguntou.

Eu?

Não acho nada. Você que deve saber,

“É que pelo jeito que as coisas vão indo, logo, logo vai rolar. Vamos nos encontrar” — disse sorrindo.

Estranhei.

Como assim? Deviam ser só bons amigos ou se conheceram há pouco tempo.

“A gente já vem teclando há algumas semanas” — explicou

Entendi mesmo não querendo entender.

Vocês nunca se viram, é isso? – me espantei.

E ela com naturalidade:

“Não. Entrei no orkut dele. Deixei um recado e aí a gente começou a se falar.”

Desentendi a vida. Para ela, esse era o caminho.

“Ele é tão fofo. Você acha que combina comigo?”

Eu? Não acho nada, minha filha. Só perco, respondi.

E mais do que nunca me socorri do velho e bom Frank Sinatra para não me sentir um grande e desconjuntado dinossauro às vésperas de um Planeta em extinção.

III.

Prova provada do que disse.

Acabo de receber um email do provedor que assino. É um aviso que vai desativar meu email. Invadiram minha conta e estão espalhando virus e insanidades mundo afora. Portanto, precisarei de uma nova identificação.

Talvez não precise…

Ou seja, nem no mundo virtual se vive paz.

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