É bem provável que a rapaziada com menos de 30 não conheça a importância de Arnaud Rodrigues para a TV brasileira.
Não há motivos para condená-la.
Parece que a vida é mesmo assim.
Todos temos lá um prazo de validade.
Os tais quinze minutos de fama.
Alguns nem isso.
Depois, ao virarmos bagaços de nós mesmos, outros ocuparão nosso lugar.
E vida que segue.
Parece ser a implacável lei natural das coisas.
De algum modo já nos habituamos a tal rotina.
Tomei conhecimento da morte de Arnaud na noite de ontem quando ia, de um portal a outro, em busca de alguma distração para a terça de carnaval que se arrastava em frente à TV.
De pronto, a primeira pergunta que me fiz foi: o que fazia Arnaud no Tocantins?
Depois me lembrei que não o via em cena há anos.
E olhe que a TV brasileira anda carente de talentos, especialmente na difícil arte de fazer rir.
Exceção ao Casseta e Planeta, o que temos de bom pela aí?
Não, não precisam responder.
Não cabe agora essa discussão.
Assim como agora não interessa o que levou Arnaud a Tocantins…
Neste espaço, quero apenas registrar minha tristeza pelo desaparecimento de um grande artista, um dos grandes construtores da TV brasileira. Sua galeria de tipos e criações é inesquecível – e vem lá dos confins dos anos 60 Foi ator (lembram do personagem Soro, na novela Pão Pão Beijo Beijo, em 83), humorista (Chico Anysio Show, A Praça É Nossa, entre outros), roteirista (sua última participação foi em Sai de Baixo), produtor e diretor de TV (quem se lembra de o Programa do Bolinha?), cantor e compositor (ao lado de Chico Anysio criou o grupo Baiano e os Novos Caetanos, uma paródia à baianidade tão em moda nos anos 70), entre outras participações.
Me contam hoje que desde os anos 90 Arnaud foi tratar de ser feliz longe dos grandes centros. Um auto-exílio voluntário, dizem.
Por aqui seu talento sobrava – e não era reconhecido.
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