Acabo de assistir ao Especial de Dorival Caymmi na Globo. Duas observações e comentários afins:
01. Não entendi porque nossa melhor cantora, Nana Caymmi, interpretou apenas uma canção – "Só Louco" – no belo musical/homenagem ao seu talentoso pai.
02. MPB deveria ser matéria obrigatória em qualquer currículo escolar. Da pré escola ao pós doutorado.
Não dá para se dizer brasileiro e não conhecer a obra de Caymmi, de Tom Jobim, de Adoniran, de Lupiscínio e paro por aí. Para não esticar demais este post.
Sem esse conhecimento, é nossa identidade cultural que está indo para o ralo.
A garotada não sabe quem são esses notáveis.
E, dou de barato, não tem interesse em saber.
Na verdade, nem é preciso ser tão garoto assim.
Faz coisa de ano, ano e pouco, fui convidado a participar como palestrante de um curso de pós em jornalismo cultural. Se não me engano, salvo erro de interpretação, o convite veio em função dos quase vinte anos que trabalhei como repórter e crítico (comentarista, eu diria) nessa área.
Pautei minha fala na chamada geração de briga – Ivan Lins, Gonzaguinha, Belchior, João Bosco, Djavan, Alceu, Renato Teixeira entre outros — que segurou a onda da resistência num tempo de censura e opressão. Falei dos festivais e, especialmente, de Elis. Dos insuperáveis shows que fez – Falso Brilhante, Transversal do Tempo e Trem Azul – e do quanto ela foi importante para a consolidação dos então novos rumos da mpb.
Assim que terminei de contar a história desse tempo, abri para perguntas.
Um rapazote lá do fundão sapecou, com ares de nobreza intelectual:
— O que o senhor acha do Lobão?
Ou seja, não estavam nem aí para o que eu disse.
Aliás, na mesma TV Globo, vejo Nélson Motta tecer loas e proas ao show de Madona em São Paulo. Foi no Jornal da Noite. Sobraram elogios. No Estadão desta sexta, idem. Li uma matéria no mesmo tom.
Ao que pude constatar, o Planeta está de quatro pela loira cinqüentona e inteiraça, diga-se.
Para mim, é inevitável.
Todas as vezes que esses megastar ou genéricos vem em turnê ao Brasil e vejo assanhamento da mídia, lembro de quando os portugueses chegaram por aqui, na então Terra de Santa Cruz. Trouxeram cacos de espelhos, vidros e berloques. Levaram ouro, esmeraldas e outras riquezas.
Então me ponho a imaginar:
Como será que os repórteres tupinambás e os colunistas tupiniquins saudaram essas trocas?