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Sobre eleições e candidatos…

Depois da emblemática eleição municipal de 1985 – Jânio deu uma surra em Fernando Henrique Cardoso – fui convidado para fazer o texto final de um documento em que o diretório do MDB do Ipiranga fazia uma prestação de conta da campanha que começara auspiciosa e, por fim, terminou em enorme frustração.

Tinha amigos lá – o Nasci, o Made, o Almir, o Manuelino — que estavam inconformados com a derrota e queriam, além de apresentar os números e dados, fazer ponderações sobre erros e vacilos que jogaram a Prefeitura da mais importante cidade da América Latina no colo das chamadas forças reacionárias.

As informações seriam repassadas à cúpula do partido. A fim de que os mesmos tropeços não fossem cometidos futuramente. Acabávamos de sair de um longo período ditatorial.

Era inadmissível o que aconteceu em São Paulo.

II.

Participei de duas ou três reuniões. Ouvi discursos inflamados, consultei mapas do Tribunal Regional Eleitoral, falei com alguns próceres do partido e, ao lado dos meus pares ipiranguistas, fechamos um longo relatório e, a meu cargo, ficou o alinhavo do texto final, apontando caminhos futuros.

III.

Lá fui eu enfileirar uma letrinha atrás, da outra, atrás outra, atrás da outra…

Na medida em que escrevia, notava o quanto eram vagas as argumentações e análises.

Até faziam sentido pelos dados recolhidos, pelos números apresentados, pelo que dizem a lógica e o bom-senso.

Só que eleição não é ciência. Não tem o rigor de uma questão matemática. Além do que, é mero jogo de adivinhação tentar prospectar os rumos do que virá…

IV.

Entreguei o documento aos amigos sem grande convicção.

Desde então vejo as análises de cientistas políticos, parlamentares e mesmo jornalistas, com ressalvas e até com uma boa dose de humor.

Eles se propõem a ser os senhores do tempo e dos destinos.

V.

Lembra-me um hábito comum na Itália de se qualificar como histórica qualquer pedra que se encontre pelo caminho. Em Verona, por exemplo, você visita a casa onde viveu Julieta. Em Genova, o turista conhece onde morou Cristóvão Colombo.

Em Milão, você fica diante do Santo Sudário e assim se anda por toda a Bota.

Pode ser, mas pode não ser – e é mais provável que não seja mesmo.

VI.

Acontece fenômeno idêntico com o pós-eleições.

Análises e prognósticos são secundários.

(Ontem já se falava em quais os candidatos ao Governo de São Paulo e quais os adversários de Dilma na corrida presidencial em 2014.)

Vale mesmo a verdade das urnas. E, principalmente, o saudável exercício do jogo democrático.

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