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Sobre jornais de bairros (2)

Respondo à Victória, estudante de jornalismo da ECA/USP, sobre o papel dos jornais de bairros – tema da palestra que ali realizei semanas atrás. Ela não pode comparecer – e agora precisa realizar um trabalho acadêmico sobre o assunto.

Aproveito a oportunidade para transcrever aqui minhas respostas.

Desconfio que o assunto pode interessar a outros estudantes de jornalismo e/ou comunicação.

* Sobre a diferença entre a imprensa diária e os JBs:

Além das funções próprias e inerentes ao jornalismo (respeito à verdade factual, função crítica e a fiscalizadora), o jornal de bairro tem uma característica a mais: promover a integração dos diversos segmentos sociais do lugar em que se insere, além de amparar a luta pelos legítimos anseios daquela gente que representa. Falamos com nosso vizinho, por isso é fundamental que nos entendamos como um deles. Sem discurso e proselitismo. A grande imprensa fala para o mundo, os jornais de bairro falam para a aldeia e, a partir dela, tentam transformar o mundo.

* Sobre o papel do jornal de bairro hoje (neste cenário marcado por revoluções tecnológicas) e ontem:

Lamento dizer, mas os jornais de bairro perderam a força. Não souberam se reinventar JORNALISTICAMENTE a partir dos anos 90. Até a redemocratização foram importantes na reorganização da sociedade – sabs, clubes de serviços, entidades representativas etc. Com o decorrer dos anos, e por serem empresas familiares, preferiram trocar os valores editoriais para se transformar em bons vendedores de anúncios. Uma pena. Perderam o passo na história; hoje as redes sociais se incumbem de preencher o vazio que deixaram.

* Sobre minha experiência na Gazeta do Ipiranga:

Vivi belos momentos na Gazetinha. Fiz grandes amigos. Aprendi pra caramba. Eram velhos jornalistas que amavam o que faziam – e tinham um lado romântico e boêmio que hoje não mais existe. Eram sonhadores. Tenho três livros sobre esse tempo. Ou melhor, dois livros e um ebook – “Às Margens Plácidas do Ipiranga”, “Meus Caros Amigos – Crônicas sobre jornalistas, boêmios e paixões” e “Das Coisas Simples, Sensatas e Sinceras”. Foi a forma que encontrei para reverenciar aqueles idos e vividos tempos de grandes amigos e de grande transformação social.

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