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Sobre lives, jornalismo e Johnny Mattis

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Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

Participei de duas lives na vida, se bem me lembro, meu caro Escova.

Ambas foram durante os tempos trágicos da pandemia.

Vou lhe dizer: não sou do babado, mas meti bronca.

Minha sobrinha e atriz Luciana Stipp participou de uma série no tal do streaming sobre o dia a dia de um jovem casal naqueles dias tensos e assustadores. Eu havia publicado um romance (O que o Tempo leva...) que tangenciava as venturas e desventuras dos corações apaixonados e dos relacionamentos amorosos. Talvez por isso, juntou-se uma coisa à outra. E, na falta de alguém mais credenciado, me chamaram para falar do tema. Conversamos – eu, ela e o ator e diretor do projeto – por hora e tanto sobre o palpitante tema.

No meu caso, sempre na base do… palpite.

‘Eu acho isso’, ‘eu acho aquilo’, por aí foi minha falação. Sinceramente, gosto do assunto, mas profundamente não entendo bulufas.

Sou muito cara de pau, não?

Recordo-me que lá pelas tantas citei alguns versos de canções – e, ponto alto, creio – o trecho de uma crônica famosa de Rubem Braga:

“Mas no meio de tudo isso, fora disso, através disso, apesar disso tudo — há o amor. Ele é como a lua, resiste a todos os sonetos e abençoa todos os pântanos.”

Só por essa lembrança, desconfio, valeu a minha participação.

Penso que, pelo mesmo motivo – falta de gente melhor no preciso momento da sessão –, uma ex-aluna de Jornalismo me pediu, de última hora, que participasse de uma discussão sobre a Imprensa no século 21. A quantas, andava?

Uia. Que responsa! Era o coroa daquele painel de jovens jornalistas e simpatizantes da causa que, se bem entendi, começaram na profissão quando eu já embicava na reta de chegada. Ou seja, nos tempos da pululante realidade digital.

Eram simpáticos, falantes e esbanjavam siglas e termos da moda em inglês.

Fiquei vivamente impressionado. Tinham opinião sobre tudo e todos.

Éramos assim na idade deles, Escova? Será?

Lá pelas tantas, o inconveniente aqui citou Cláudio Abramo:

“Jornalismo é sobretudo caráter.”

Percebi certa estranheza na recepção da rapaziada:

“Quem?”

Expliquei rapidamente que Abramo foi um dos luminares do jornalismo brasileiro no século 20. Um homem de princípios e luta forjado na escola do Humanismo e das velhas redações.

Me pareceu que o pessoal não queria referências. Queria olhar pra frente e fazer do jeito deles.

Pouco ou nada eu tinha a lhes acrescentar.

Eis a verdade.

Of course.

Depois dessas duas buliçosas experiências, amigo Escova, não mais me convocaram para idênticas jornadas eletrônicas.

Também não me habilitei a tanto.

Se a bolha das lives, como pergunta você, é o futuro do jornalismo, não sei e não faço a menor ideia.

Me ocorreu, agora, sugerir que abrissemos um canal no You Tube para falarmos daquele boteco que nossa turma frequentava no Sacomã naqueles idos e havidos, lembrarmos velhos e notáveis amigos, uma e outra lambanças que participamos. Mas, desisti no ato.

Como lhe disse acima, não sou do babado.

E, como diz a canção do Belchior, “o passado é uma roupa que não nos serve mais”.

Para meu encantamento, do Escova e inveterados sonhadores, pincei no mago You Tube um momento mágico. Johnny Mattis, aos 89 anos, continua o cara ao vivo e em cores.

Veja, ouça e, como nós, se emocione!

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