“Oi… Quanto tempo, não?!”
Ele se surpreendeu ao ler o email que abriu sem perceber.
A mensagem:
“Meu niver foi quinta passada. Fiquei mais velha. rssss…”
Ela continua a mesma de sempre. Não muda, ele pensou antes de continuar a leitura.
“Tenho novidades: mudei de emprego. Agora trabalho mais perto de onde moro. Não é tão longe para você. Podiamos almoçar um dia! O que acha?!
Seus olhos seguiam fixos na tela. Ele não conseguia pensar em nada. A lembrança dos dias idos e vividos lhe dizia que não era conveniente animar-se. De resto, sabia como o email e essas aproximações terminavam, mas seguiu lendo o texto mesmo assim:
“Beijossss. PS – Sou loca, certo!? Depois de tanto tempo… Eu nao presto..rss Ok? Mas porque não me escreveu!? Nao me ligou? Nem um \’parabéns, muitos anos de vida…???\’ Beijãooo”
Não se dispôs a responder.
Ela não merecia.
Depois de tudo.
Só se fosse um tolo mesmo.
(…)
É um tolo.
Quando percebeu já estava teclando:
”Só pra lhe dizer que me lembrei de você. Dois anos e tanto. Somos sobreviventes da explosão de um tal Planeta Sonho. Aliás, agora, no dia do seu aniversário, entrei numa locadora para me distrair com o DVD de alguma comedinha tola – gostávamos de ver filmes juntos, lembra? — e não resisti ao título de um filme do Cacá Diegues. Chama-se “O Maior Amor do Mundo. Abri um vinho. Um filme triste, triste. Mesmo assim fiz questão de brindar sozinho: “Tintin aos sonhos que se perderam, ao caminho que se percorreu, às escolhas e aos equívocos. Foi minha reverência a você. Não liguei, não internetei. Fiz questão de não pensar (pensando) porque, você sabe, você escolheu o caminho que desejou seguir e, do qual, eu não fiz parte. Simples e sincero.”
Quando viu já estava clicando o enviar…
No dia seguinte, ansioso, abriu o email e leu a resposta. No mesmo tom:
“Ok… Simples e sincero.”
E assim deixaram que a vida prosseguisse sem sobressaltos. Quase ignorando o que viveram, quase criando coragem para recomeçar…