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Sucessão presidencial e omissão

01. O prefeito Paulo Maluf é a pedra mais incômoda no caminho dos planos de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso. Nesta semana, dois fatos políticos deixaram nítido que o confronto é inevitável na rota de anseios desses dois personagens da nossa História recente: o professor que virou presidente e gostou e o tocador de obras que quer chegar lá.

02. O avanço do candidato do PPB, Celso Pitta, nas pesquisas de opinião, alavancado pela trajetória vitoriosa de Maluf a frente da Prefeitura paulistana, foi a primeira surpresa. Os paulistanos estão cada vez mais voltados para a eleição de Pitta exatamente por ser afilhado de Maluf, o que só fortalece o atual prefeito e suas sempre anunciadas aspirações presidenciais.

03. Outro fato importante, no chamado jogo da sucessão presidencial, foi a apresentação na Câmara Federal da emenda que propõe a reeleição unicamente para quem for eleito, para um cargo executivo, a partir da promulgação da lei. Neste caso, o presidente FHC estaria fora do jogo eleitoral em 98. O deputado malufista Valdemar Costa Neto (PL-SP) é o autor da emenda aditiva ao projeto reformista do deputado Mendonça Filho (PFL-PE) que, aliás, têm o suporte de 185 assinaturas de adesão. No parecer dos analistas políticos, acabou a trégua entre FHC e Maluf…

04. Enquanto nossos políticos e governantes jogam o jogo de seus interesses, o País vive suas intermináveis tragédias diárias. Aos olhos do homem comum, o Governo anda longe de fatos deploráveis, em todos os sentidos, como a morte das 34 crianças no Hospital Materno-Infantil Nossa Senhora de Nazaré, em Boa Vista, Roraima. Sabe-se que no Hospital não havia qualquer hábito de higiene. Conforme foi amplamente divulgado, o simples ato de lavar as mãos já teria salvado a vida de muitos bebês. Triste e inadmissível que ocorrências, como essa, se registrem na ante-sala do Terceiro Milênio.

05. A bem da verdade, a nossa São Paulo, a mais contemporânea das cidades brasileiras, é cotidianamente aviltada por cenas violentas, que causam medo e indignação. Mais uma vez, uma tentativa de fuga na Casa de Detenção causou, na quarta-feira, cinco mortes e expôs nossas chagas mais dilaceradas. Ao estenderem suas bandeiras nas janelas do presídio, os presos — quase todos jovens — exibiam ao mundo, via satélite, a miséria, o caos social e a desesperança.

06. Por anos a fio, a desativação do aeroporto de Congonhas foi tema de acaloradas discussões e a medida, invariavelmente, adiada por questões que nunca se entendeu bem. Afinal, a urbanização de toda aquela região não comportava mais as atividades de um campo de aviação comercial. Os riscos eram muitos, o ruído insuportável, o trânsito ao redor sempre congestionado, o perigo constante para uma área densamente habitada. Adiou-se a decisão. Esqueceu-se a questão até que, ontem, a tragédia, muitas vezes, anunciadas se transformou em negra e cruel realidade. A omissão fez centenas de vítimas.

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