Recebo no whats, de uma amiga distante, Juliana L., alguns segundos do show que a moça assistiu do grande Moska. Ela sabe que admiro o trabalho deste cantor/compositor de há muito e, simpática, quer compartilhar comigo aquele momento que a deixou, “como sempre, encantada”.
“Pra não dizer que não me lembrei de você”, diz ela na legenda.
Moska, ao violão, sob uma linda luz azul, dedilha e canta a tocante “Tá Relampiano”, que fez em parceria com Lenine, ainda em fins dos anos 90.
Há uma historinha bonita – e igualmente tocante -, que ambos puderam presenciar. A partir daí, surgiu a inspiração para essa crônica dos nossos dias.
Vou tentar lhes contar como nasceu a canção…
II.
Lenine e Moska se encaminhavam para a passagem de som do show “5 No Palco” que fariam ainda naquela noite em Recife. A tarde estava nublada – e trovejava, ameaçando uma chuva daquelas.
O carro que levava os músicos parou no semáforo e logo foi rodeado por vendedores ambulantes; na maioria, crianças entre os nove, dez anos.
Mas o que chamou a atenção dos músicos não foi os bordões dos vendedores e, sim, o desespero de uma menina quase adolescente à procura do que, ambos entenderam fosse, um de seus irmãos
“Cadê, neném? Cadê neném?”, repetia ela.
“Tá relampiano, cadê neném?” – insistia.
O farol abriu – e o carro seguiu seu caminho.
Lenine e Moska, porém, ficaram com o mote para uma nova canção. Feita quase instantaneamente naquele mesmo dia.
O refrão não poderia ser outro:
“Tá relampiano, cadê neném?
Tá vendendo drops
No sinal pra alguém”
III.
A canção foi inserida no repertório do show naquela mesma temporada – e ganhou voz e arranjo coletivo dos parceiros da temporada: Zeca Baleiro, Marcos Suzano e Chico Cezar, além, óbvio, dos próprios autores
A música, tantos anos depois, continua sendo um dos pontos altos da coleção de sucesso de ambos. E, mais do que nunca, atualíssima; basta que se pare em uma das movimentadas esquinas de qualquer cidade-grande.