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Tchinim e a montanha

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Foto: Wilson Luque

Tchinim tinha lá seus devaneios.

Um deles:

Queria porque queria ser dono de uma montanha.

Não me perguntem o porquê.

Se não conseguia explicar à época, imagine agora…

Tchinim era um dos tantos moleques de rua como muitos outros naqueles idos dos anos 50/60.

Queria ser jogador de futebol, marinheiro ou representante comercial, como o pai.

Ò dúvida!!!

Estudava no colégio marista do Cambuci (o Glória), mas dedicava-se mesmo ao futebol na calçada ou nos campinhos improvisados nos arredores da rua Muniz de Souza, os ‘pegas’ de carrinho de rolimã, as partidas de futebol de botão e a outras tantas brincadeiras típicas daqueles idos.

Mas, porém, contundo, todavia…

Tchinim era algo ensimesmado.

Adorava ficar sozinho – e isolar-se do mundo real.

Não raro o garoto sardento dava uns perdidos solitários a bordo de sua bicicleta Monark, aro 22, breque no pé, por todas as quebradas do Cambuci.

Certa tarde, chegou à Praça da Sé só para ver a Catedral.

Voltou cortando caminho pelos campos de futebol da várzea do Glicério.

Uma aventura.

(Ai dele, se a mãe soubesse…)

Havia o seu tesouro particular recheado pela coleção de carteiras de cigarro, a pilha de gibis – com heróis magnânimos: Zorro, Roy Rogers, Cavaleiro Negro, o Fantasma, Mandrake, Tarzan, entre outros – e a série de livros que o pai lhe deu quando aprendeu a ler – Reino Infantil – com príncipes e princesas, reis e cavaleiros como personagens de histórias de capa e espada, algumas fincadas nas tradições da literatura oriental em que o Bem sempre vence o Mal.

A parentada olhava desconfiada.

Alguns diziam que Tchinim era um garoto avoado.

Yolanda e Aldo, os pais, não gostavam, mas preferiam não rebater a fala de tios e tias.

Só o vô Carlito, com seu inabalável chapéu Ramenzoni, tinha uma visão, digamos, mais poética sobre o menino:

“Ele é um sonhador.”

E completava, esbanjando carinho:

“E os sonhos são como montanhas encantadas a desafiar nossos passos, nossa coragem.”

Tantos e tantos e tantos anos depois…

Lembro as palavras do meu avô enquanto me deixo fascinar pela auréola de nuvem a enfeitar um dos picos da Serra da Bocaina.

Já não me apraz ser dono de montanha alguma, basta-me esse breve momento de recordação e encantamento.

Sonhos, sonhos são….

Enquanto admiro o cenário que rodeia, lembro o verso de Belchior:

“Viver é melhor que sonhar.”

O Bem sempre vence o Mal – eis o mote e a senha.

Talvez seja este o sinal para retomar o Blog e não perder de todo a esperança.

Ok! O mundo não anda lá essas coisas.

Mas, lá está a montanha…

E a coragem da mudança revive em nós.

Vale, pois, nas pessoas sensíveis, sensatas e sinceras – e sigamos. Céticos no pensamento, otimistas na ação.

Amigos e leitores:

DECLARO oficialmente aberta a temporada do Blog neste incerto 2022.

NOTÁVEL Erasmão. Lança novo álbum nesta semana, dia 4.

Título: O Futuro pertence à… Jovem Guarda

Neste trabalho, nosso maior roqueiro faz uma releitura atualizada de clássicos da Jovem Guarda.

“A Volta” é um deles!

Voltaremos ao assunto!

1 Response
  • Ana Farias
    2, fevereiro, 2022

    Lindo!!!! Estava com saudades! Obrigada!

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