Envolvido em corrupção, Congresso brasileiro
é circo que tem seu próprio palhaço –
Editorial de hoje do The New York Times
Leio a longa análise do jornalista Andrew Jacobs, correspondente da publicação americana em Brasília – e, de alguma forma, fico arrasado.
Juro que não esperava viver outra vez a triste realidade de sermos um povo subjugado, sem perspectivas de dias mais promissores e reduzido ao desprezo que merecem os países (as nações?) que não conseguem conviver com os essenciais rigores democráticos.
Percebo que, aos poucos, entre meus pares, mesmo os mais entusiastas oposicionistas ao governo eleito nas urnas começam a inquietar-se com o rumo que toma a desventura do impeachment.
As contundentes linhas de Jacobs não deixam dúvida sobre a imagem que o mundo faz hoje do Brasil.
II.
Queria botar reparo, e dizer que não é bem isso. “E cousa e lousa e mariposa”, como diria o grande e saudoso Plínio Marcos.
Mas, me recolho à tragédia política e social dos dias que vivemos e me calo.
A chamada está na home do Uol de hoje pela manhã.
http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/the-new-york-times/2016/05/17/envolvido-em-corrupcao-congresso-brasileiro-e-circo-que-tem-ate-seu-proprio-palhaco.htmmn
O desalento de outras notícias só corroboram com o desencanto de um País que perdeu o rumo e o prumo.
III.
Vejo lá na seção Leia Também do mesmo Uol as seguintes chamadas:
“Ministro Eliseu Padilha é acusado
de autorizar repasse suspeito”
“Diretor da Abin se diz desprestigiado
pelo novo governo e pede demissão”
“PMDB tem função proeminente no
esquema do petrolão, diz Delcídio”
E a coisa toda não para por aí.
Há outras TEMERidades que marcam o dia:
“Mello libera para julgamento ação
sobre impeachment de Temer”
“Equipe de Temer planeja
legalizar os jogos de azar”
“Serra pede estudos de custo de
embaixadas na África e no Caribe”
E ainda: as notáveis considerações de Gregório Dudivier (“Faltou combinar com os russos”), de Bernardo Mello Franco (“Diplomacia do porrete”) e do blog de Mário Magalhães (“Por que Temer vai com tanta sede ao pote. Por não recear governo impopular”).
Por mais que o Jornal Nacional doure a pílula e tente nos convencer ao assegurar a ilusão de um novo tempo, a certeza que se consolida é a do retrocesso, a do passo em falso, no escuro.
IV.
Não à toa, ainda ontem, dei boa tarde ao portuga da padaria, aqui perto da Universidade onde trabalho. Antes de pedir o café de sempre, perguntei como andam as coisas. Ele foi bem maneiro na resposta.
Disse:
– Por enquanto está tudo bem.
Aplaudi seu otimismo.
Foi quando ele fez a ressalva.
– É como se eu tivesse saltado da varanda do apartamento do vigésimo andar de um prédio. Até aqui, ainda estou no ar, passei pelo décimo quinto e nada me aconteceu.
Olha o portuga tirando onda comigo.
A previsão que fez é tristemente sugestiva.
– Quando chegar lá embaixo é que vou saber o tamanho do estrondo e do estrago…