Senhores diletos leitores.
Diria, os mais mais dos mais…
Relaxem.
Este não é um enredo de piratas ou grandes aventureiros.
Sosseguem que o domingo está morno. E ninguém vai propor correrias desenfreadas por florestas e cavernas lá onde o Indiana Jones perdeu as botas. Ninguém perdeu nada de importante, não. Mas, acho que pode ser divertido. Venham comigo…
Quero promover aqui uma enquetizinha básica.
Motivo: entre os ‘perdidos’, encontrei ontem o primeiro capítulo do livro que escrevi, mas não sei onde foi parar. Desapareceu entre o fígado e alma do meu velho notebook…
O que pretendo saber de vocês é o seguinte?
Me arrisco à denodada façanha de reaver os originais ou, em última análise, reescrevê-los ou esqueço? Para o bem da literatura, e da paciência de vocês…
II.
Vou lhes contar a minha saga.
Alguns anos atrás, às vésperas de começar o mestrado, empolguei-me com a aquisição de computador portátil. Antes do início das aulas, passei todo um verão posando de romancista. Nada a fazer naquela pacata cidade do interior, vamos brincar de ser Deus, pensei.
Para dar um cunho de mistério – e importância, por que não? -, redigi tudo no compartimento secreto da engenhoca. Uma bobagem rodolfiana…
Vieram as aulas na Universidade, o mestrado, o risca-faca das pesquisas e da dissertação, a qualificação, a banca. Enfim, quando lembrei do livro, havia inexoravelmente esquecido a senha.
Bem, vocês já deviam estar imaginando…
Ah!, pior. Nessas idas e vindas do mestrado, um descuido, um tombo. E quebrou o tal do HD da jabirosca.
III.
Para encurtar a história da história do livro perdido, ontem dei de cara, numa dessas floridas sacolas de shopping, com algumas dezenas de folhas de sulfites amareladas pelo tempo e pelo esquecimento. Custei um tanto a reconhecer ali as anotações do primeiro capítulo, além de uma esquematização tosca, provavelmente a base do roteiro.
O enredo é simples. Baseia-se na trajetória de dois homens diferentes, mas iguais no jeito de amar – talvez, todos nós sejamos assim.
A inspiranção veio de uma entrevista do ator Walmor Chagas que, à época, com sessenta e tantos anos, se propôs a largar tudo e morar sozinho na montanha. Imaginei então um personagem com essa ‘pegada’ que havia amado todas as mulheres, mas agora não esquecia de uma.
Ou seja, acrescentei-lhe, ao meu bel prazer, uma paixão imorredoura.
Por isso, e outras tantas coisas, a fuga para a montanha…
IV.
Também conheci uma figura que nunca namorou, só freqüentava casas, digamos, assim-assim. Um belo dia esse jovem senhor se apaixonou perdidamente por uma funcionária da empresa em que trabalhava e pirou. A moça, uma baiana sestrosa (seja lá o que isso quer dizer), ficou com pena do rapaz e sempre lhe tratou com atenção e tal. O suficiente para que ele ‘viajasse’ de vez…
Claro que os amigos – entre os quais me incluo — logo perceberam e passaram a incentivar a mentira como se fosse verdade. Os homens têm um prazer especial em azucrinar a dor de corno alheia, com ar de quem não sabe de nada.
(Concordo quando dizem que somos mais fofoqueiros que as mulheres.
Percebo uma certa sordidez em alguns comentários.
Mas, é outro assunto para um outro dia.)
O moço chegou a tal grau de insanidade que até o nome dos filhos já havia escolhido. Pois é…
Um dia a casa caiu. Caiu, não. Desabou ruidosamente.
V.
São esses dois personagens que se encontram numa viagem para o alto da Serra da Mantiqueira, onde ambos buscam refúgio da vida e das dores de amor.
VI.
É mais ou menos isso…
Na verdade, a ficção ganha um grande reforço da realidade. Amigos e conhecidos entram na história com falas, tiradas e bom humor.
Escrevi essa história em 98/99, não lembro bem. Sei que foi em São José do Barreiro, ao pé da Serra da Bocaina. E agora me deu vontade resgatá-la. Tenho alguns originais fora de ordem em papel. Poderia digita-los aos poucos, mas antes precisaria do aval dessa ilustre bancada.
Pronunciem-se, pois…
Aguardo a decisão. Mas, não demorem.
Porque o que se demora é o que o tempo leva…
Não é nada dificil eu esquecer que havia
lembrado do livro que havia esquecido…