O programa Jovem Guarda, da TV Record, já não exibia o mesmo vigor nos idos de 67.
Era visível o desgaste dos roquizinhos barulhentos como gênero absoluto para embalar a garotada de então.
Foi por essa época que estourou nas paradas de sucessos nativas duas charmosas canções, “Call Me” e “The More I See You”, ambas com Chris Montez, um americano influenciado pela cultura hispânica. A canção tinha um ritmo mais brejeiro – sacudido, quase caribenho. As letras traziam versos singelos e amorosos que agradaram em cheio a rapaziada; características que as transformaram na alegria dos bailinhos de garagem.
O Rei Roberto não se ligou na nova onda. Ele já ensaiava voos internacionais, inclusive com a participação no Festival de San Remo [defendendo a belíssima e vitoriosa “Canzone Per Te”, de Sérgio Endrigo]. Era nítida sua opção pelas canções românticas.
Dois dos principais integrantes do programa, Erasmo Carlos e Benjor (à época, apenas Jorge Ben) não se fizeram de rogados. Perceberam qual tendência, e descaradamente assumiram e abrasileiraram o novo estilo. Em parceria, fizeram “Menina Gata Augusta”, com a mesma levada divertida, que não fez o sucesso que esperavam.
Mesmo assim, não desistiram. Benjor fez outras duas composições: “Se Manda” (uma fusão de rock e baião) e a salerosa “Quando Mais Te Vejo, Amor”. Erasmo se deu melhor. Emplacou dois hits: “Neném, Corta Essa” e “O Caderninho”.
É bem verdade que, em seu canto, o grande Wilson Simonal já brincava com letras e melodias. E chamava o gênero de “pilantragem”.
Eles talvez não tivessem consciência.
Mas, já estavam com um pé na word music, e abrindo a janela para o Tropicalismo.