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Tinhorão

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 * Texto e foto da Agência Brasil

Morreu na terça, dia 3, o jornalista, crítico musical e pesquisador José Ramos Tinhorão, de 93 anos. Ele estava internado há dois meses, com pneumonia, e a saúde combalida pela idade e por um acidente vascular cerebral (AVC) que sofreu há três anos. O sepultamento foi ontem no Cemitério dos Protestantes, em São Paulo

A morte do jornalista foi confirmada pela Editora 34, de São Paulo, que publicou a maioria dos 20 livros escritos por Tinhorão, entre os quais destacam-se História Social da Música Popular BrasileiraAs Origens da Canção Urbana e A Música Popular no Romance Brasileiro.

Em nota, a editora manifestou pesar pela morte de Tinhorão, a quem classificou como grande crítico e pesquisador da cultura popular e da música brasileira. “Tinhorão publicou, pela Editora 34, 18 títulos: desde Música Popular: Um Tema em Debate, em 1997, até Música e Cultura Popular: Vários Escritos sobre um Tema em Comum, lançado em 2017. Em suas pesquisas, Tinhorão reuniu um importante acervo de discos, partituras, periódicos, livros e fotos, hoje disponível no Instituto Moreira Salles”, diz o texto.

Nascido em Santos (SP), mudou-se para o Rio de Janeiro aos 9 anos de idade. Formado em direito e jornalismo, começou sua vida como jornalista em 1951, na Revista da Semana, na qual assinava os textos como J. Ramos. Em 1952, aos 24 anos, ainda estudante de direito e de jornalismo, foi levado por Armando Nogueira, colega de faculdade, para o Diário Carioca como revisor. Foi nesse jornal que José Ramos ganhou o apelido Tinhorão, que foi incorporado ao nome artístico.

No Jornal do Brasil, onde foi redator do Caderno B, entre os anos de 1975 e 1980, cultivou uma série de inimigos, entre compositores e cantores. Houve polêmicas com Paulinho da Viola, Chico Buarque e Tom Jobim. Tinhorão afirmava que aquele tipo de música não era  brasileiro. Além do JB e do Diário Carioca, passou pelas redações dos jornais Última Hora e O Globo, das revistas Veja e Senhor e das TVs Rio, Excelsior e Globo.

José Ramos Tinhorão passou mais de 40 anos juntando raridades, entre discos, livros, fotografias, folhetos e periódicos que ajudaram a contar a história de fatos e personagens da  música popular brasileira.

Em 2001, vendeu seu acervo ao Instituto Moreira Salles (IMS). Na sede da entidade, em São Paulo, a Coleção Tinhorão começou a ser trabalhada: foi feita a digitalização dos discos de 78 rotações e a catalogação dos livros. Em fevereiro de 2010, a coleção foi transferida para o IMS do Rio de Janeiro, na Gávea.

O acervo acumulado ao longo de décadas por Tinhorão vai muito além da discoteca formada por cerca de 10 mil itens; é a soma de uma grande variedade de coleções indispensáveis aos estudiosos da evolução da cultura urbana brasileira em geral, e não apenas da música popular. Inclui fotos, filmes, scripts (roteiros) de rádio, programas de cinema e teatro, cartazes e uma biblioteca especializada em obras sobre música, crônica e memórias, além de 11 coleções de suplementos literários de jornais do Rio de Janeiro e de São Paulo, publicados a partir da década de 1940.

Completam o acervo fitas de áudio com depoimentos de personalidades, gravações de palestras e programas de televisão de que o próprio Tinhorão participou. No quadro geral, o período histórico coberto vai da segunda metade do século 19 ao final do século 20.

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* Vocês, amigos leitores, bem sabem…

Durante uns 20 e tantos anos dessa minha trôpega caminhada, tive a ousadia de enveredar, como repórter e (por favor, não riam que o papo é sério) crítico, na área de música popular brasileira. Foi um tempo, digamos, inesquecível de saborosas entrevistas e audições de shows e discos. A grana era rala, mas diversão e o encantamento compensavam. Desde esse tempo, mesmo a anos luz de sua magnificência, tenho Tinhorão como referência pelo empenho, autenticidade e honestidade jornalística. Pesquisava, documentava e só escrevia sobre o que acreditava ser nossa legítima identidade cultural, como povo e Nação. Uma luta que, em verdade, continua e deveria ser de todos nós.

Pois como bem escreveu Ruy Castro em sua coluna de hoje na Folha de S.Paulo:

“Que bom que ele fosse assim (caninamente nacionalista e cioso das nossas raízes). No Brasil, cuidamos muito bem da cultura alheia, em particular da americana, e pouco da nossa.” (RCM)

 

 

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