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Tiros na Pensilvânia

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Sou da chamada ‘geração do pós-guerra’.

Aquela que adotou como lema os dedos em V e a expressão “Paz e Amor”.

Aquela dos hippies, roqueiros, groupies e afins.

Eu e os meus crescemos sob o impacto do que, como alerta, se aclamava então:

“O mundo não resistiria a uma terceira guerra mundial”.

Hiroshima nos vinha como um pesadelo. Uma trágica lição que não deveria se repetir.

Intolerável, portanto, qualquer forma de violência.

Intolerável qualquer forma de ódio.

“É conversando que se entende” – diziam os mais experientes.

Nem tudo foram flores, porém.

E, como bem definia o dramaturgo Plínio Marcos, sempre existe um porém.

Enfrentamos alguns desses poréns.

Sobrevivemos, por exemplo, às escaramuças da disruptiva Guerra Fria ainda que desconfiados e temerosos: ou no Kremlin ou na Casa Branca algum doidivana poderia apertar o botão vermelho e o Planeta explodir pelos ares, com a gente dentro.

Nossa indignação, ainda que tardiamente, pôs fim à incômoda Guerra do Vietnã.

Anos 70. Tínhamos 20 anos e almejávamos a propalada Era de Aquarius quando todos os homens se entenderiam, o mundo não teria fronteiras, não haveria distinção de credos e raças, gostos e ideologias – e todos seríamos harmoniosamente irmãos.

Meus caros e preclaros.

Viajo me embaraço nessas memórias toda vez que uma notícia de inominável violência me alcança.

São tantas.

Todos os dias.

São inconcebiveis.

Sejam as que informam sobre os mortos na Faixa de Gaza.

Sejam as que narram a tragédia da Guerra da Ucrânia.

Sejam as que nos dão conta dos tiros na Pensilvânia.

Sejam as que nos trazem a triste realidade de uma esquina qualquer deste nosso Brasilzão repleto de injustiças e misérias.

Não sei explicar em que ponto deixamos de ser o que éramos para embarcarmos na nave divisionista da destruição pela destruição.

Bate um sincero e profundo desalento.

Desconfio que não seja bem por aí.

Enfim…

Hoje o Blog vai sem foto e sem trilha sonora.

Sou apenas um cronista de jornal sem jornal, sem rumo e sem prumo, sem eira nem beira. Um pacato cidadão que acordou algo desesperançado nesta cinzenta e fria segunda-feira de inverno. Não tenho nada de bom para lhes dizer.

Mesmo assim, sugiro que cliquem AQUI para ler a íntegra da coluna do nosso melhor repórter Jamil Chade, colunista do UOL. Traz uma análise bem contextualizada de tudo que aconteceu no sábado.

Pinço duas de suas observações:

Um centímetro a mais e a democracia americana estaria seriamente comprometida, jogando o restante do que existe ainda de credibilidade das potências ocidentais num fosso e instaurando um clima absoluto de incerteza no mundo.”

Se a democracia é um pacto, ela apenas existe se há um acordo de princípios entre os cidadãos de que toda a infraestrutura estabelecida para que o regime funcione tem lastro. E, nos últimos anos, é esse lastro que foi golpeado.”

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