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Tonhão, o Deus da Raça

Foto: Palmeiras/X/Divulgação

(Memória dos Gigantes da Zaga Palmeirense)

No meu Palmeiras de todos os tempos, a dupla de zagueiros – um tanto improvisada, diga-se – seria formada por Luisão Pereira e Djalma Dias.

Ambos jogavam pela direita – o chamado beque central de antigamente –, mas, na minha memória afetiva, não haveria nenhum problema deslocar um outro para a esquerda para fazer a quarta zaga.

Ambos jogavam muito.

Luís Pereira, diria, era mais completo. Tinha incrível recuperação, fazia gols e não perdia divididas.

Djalma Dias era um defensor primoroso, técnico, raramente dava um balão pra frente. Não à toa é pai do habilidoso Djalminha.

Explico que a minha preferência tem um cunho pessoal, com embasamento acadêmico_científico de quem jogou na posição em diversos clubes da memorável várzea paulistana como o Estrela dos Boêmios, o Huracan do Glicério, o Santos Futebol Clube do Cambuci, o Sucatão do Clube Atlético Ypiranga, entre outros tantos e tamanhos.

Falo com conhecimento de causa.

O Verdão, ao longo desses cento e tantos anos, teve notáveis zagueiros pela esquerda.

Aldemar marcava ninguém menos que Pelé no Palmeiras supercampeão de 1959. Foi o primeiro que vi jogar por isso começo por esse carioca que fez história no velho Parque Antarctica. Jogava o fino.

Outro quarto-zagueiro histórico: Waldemar Carabina. Chegava forte, duro no combate. Fez dupla com Djalma Dias na primeira Academia, aquela que vestiu a amarelinha e goleou o Uruguai (3×0) na inauguração do Mineirão.

São dessa época os bons de bola Nélson (que veio da Portuguesa como lateral direito e logo se adaptou à nova função), o negro e estiloso Tarciso (comprado ao América de São José do Rio Preto), Osmar (revelação da Portuguesa Santista, tristemente lembrado pelo escorregão que originou o gol dos Estudiantes de La Plata na finalíssima da Libertadores de 1968) e Alfredo Mostarda, cria da Academia, que fez vigorosa e vitoriosa dupla de zaga com Luís Pereira durante toda a segunda Academia, aquela que derrotou o Corinthians na final do Paulista de 1974.

O sucessor de Alfredo foi Polozzi, bom quarto-zagueiro que veio da Ponte Preta e que foi reserva na célebre seleção de 82.

Um salto no tempo.

Hoje temos o Gustavo Gomes como referência na zaga, atuando pelos dois lados. Alguns o consideram o parceio ideal para Luís Pereira na seleção dos mais_mais do Verdão . Pereira, diga-se, é unanimidade nas escolhas dos melhores.

Poderíamos citar também o Luan (ex-Vasco, que foi para o México) e ganhou muitos títulos pelo Palmeiras. Diria que ele era mais zagueiro pela direita.

Há ainda o Murilo, com história pessoal ainda em andamento no clube. E as promessas dos jovens Vitor Reis (não deve ficar muito tempo por aqui) e o Naves, com boa imposição e grande futuro pela frente.

Ops…

Não, amigos, não foi uma falha do escrevinhador.

Deixei os anos 90 para o final.

Fiz de propósito.

Merece destaque.

Tivemos dois nomes de inegável categoria: Daryo Pereira e Gamarra. Os dois em fim de carreira. Tiveram participação corretíssima no Palmeiras, mas, convenhamos, ambos são legendas e viveram seus melhores dias em nossos mais atávicos rivais – São Paulo e Corinthians.

Vou deixá-los de lado para lembrar os maiorais.

Clebão, Roque Júnior e Tonhão.

Inesquecíveis.

O mineiro Cléber era um marcador e tanto. Enfrentá-lo era um ato de coragem.

Roque Júnior, pentacampeão do mundo com a seleção de Felipão em 2002. Fez uma estupenda Copa e, de quebra, fez carreira em diversos clubes europeus.

E Tonhão…

Tonhão, o Deus da Raça. O zagueirão raiz. Aquele que chegava chegando e, se houvesse qualquer quiproquó, espanava adversários para todos os lados.

A quem a torcida verde entoa o mais belo dos cantos:

“Tonhão”… “Tonhão”.

“Tonhão”… “Tonhão”… “Tonhão”…

Uma terça-feira triste para os palmeirenses.

Tonhão, único, virou lenda.

Antônio Carlos da Costa Gonçalves que hoje nos deixou, aos 55 anos.

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