Toco minha aula de Introdução ao Jornalismo Esportivo.
O assunto é a cobertura dos esportes na TV.
Os avanços tecnológicos que foram muitos – e mudaram a cara das transmissões esportivas.
No entanto, a cobertura jornalística propriamente dita, digo aos alunos, é basicamente a mesma.
Acreditem!
Para que entendam mais claramente o que digo, puxo pela memória e cito o nome dos componentes da equipe de jornalista da TV Record ainda nos idos dos anos 50 e 60.
O sóbrio Raul Tabajara era o narrador.
Paulo Planet Buarque fazia os comentários, sempre em tom formal e elegante.
Quem comentava a arbitragem – sem corporativismo, diga-se – era o professor Flávio Iazzetti, que ministrava curso de arbitragem na Federação Paulista Futebol.
Prometi um doce a quem me dissesse os nomes dos dois repórteres de campo.
Silêncio – e curiosidade.
Um deles é o narrador Sílvio Luiz, ainda hoje na ativa pela RedeTV.
O outro é o notável Reali Júnior, que depois, ao longo de todos esses anos, consolidou uma profícua jornada como correspondente internacional.
Elpídio Reali Júnior trabalhou em célebres coberturas no Exterior.
Uma trajetória que reúne, entre outros acontecimentos históricos, o fim das ditaduras em Portugal e Espanha nos anos 70.
“Uma pena que, aos 71 anos, ele está com sérios problemas de saúde”, comento e logo sou interrompido por um dos estudantes:
— Professor, recebi agora no celular a notícia de que ele acaba de falecer em São Paulo.
Uma triste coincidência que, a seu modo, serve para reverenciar a memória de um grande jornalista.