Meu amigo poeta está triste que só.
Resmunga baixinho, reclama disso daquilo e daquele outro.
A mulher que amou – e ainda ama – deu sinal de vida.
Não sei se via celular, email ou qualquer novidade dessas que temos por aí.
Ele ficou todo mexido.
Não sabe ao certo porque ela fez isso.
Podiam se ver, sim.
Num restaurante, numa feira de arte, em algum lugar público qualquer.
Talvez até tivesse novidades para lhe contar.
Não era o que ele queria ouvir.
Nenhum sinal de que poderiam ser o que um dia foram.
Agora, ele vive um dilema.
Não sabe se ‘paga’ para ver qual é.
Ou se deixa quieto.
Faz que nada aconteceu – e vida que segue.
Tento ser prático, e lhe proponho a primeira opção.
— Vai lá. O que você está esperando?
Ele franze a testa – e nada diz.
Apenas balança a cabeça negativamente.
— Então, finge que ela nunca existiu.
O poeta ri incrédulo da bobagem que eu disse.
Me responde poeticamente:
— É dizer que o melhor da minha vida nunca existiu.
Tento consertar o estrago – e proponho:
— Já sei. Por que você não vai a uma cartomante?
— Já fui.
— E aí o que ela disse?
Ele, todo desconsertado:
— Disse que era sexo.
Por vezes, nem as cartas são capazes de entender o que vai no coração de um poeta que, de tão triste que anda, nem versos escreve mais.
FOTO NO BLOG: arquivo pessoal/Nova York