Amaram-se.
Tornaram-se a se amar depois, durante o banho que se prolongou doce e eternamente.
Ele fez menção de sair.
Ela preferiu ficar sob a intermitente ducha de água morna.
Com um beijo no rosto – inocente, mas significativo de tudo o que acabavam de viver – ele seguiu para o quarto ao lado.
“Te espero”, disse com sentido dúbio e convidativo.
Charmosa que só, demorou-se além do que pretendia na expectativa de que ele lhe procurasse.
Até que desistiu da espera – e resolveu ir ao encontro do amado.
Estranhou a toalha a cobrir parte do espelho.
O que ele estaria aprontando?
Sequer terminou o pensamento, num gesto solene, de quem descerra uma placa comemorativa, acabou com o mistério.
Ele deixara uma declaração impressa na superfície embaçada pelo vapor:
“Você é tudo o que eu sempre quis para sempre. Te amo.”
Sorriu encantada.
Ajeitou os cabelos molhados – e foi ao encontro do aprendiz de poeta, cantarolando:
"Delícia. Delícia.
Assim você me mata."
Começariam tudo outra vez.
Não há nada mais bonito do que um tenro sonho de amor que se faz real. E pleno.
Que seja vida e mistério enquanto assim for…