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Um bastidor do novo livro

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Foto: Arquivo Pessoal

“A Literatura existe porque só a vida não basta”

(Fernando Pessoa)

Caminhávamos eu e o amigo Poeta (vamos chamá-lo assim para evitar implicações desnecessárias).

Então…

Caminhávamos pelas alamedas arborizadas do campus a conversar sobre a vida e os amores.

Tínhamos uma reunião, daquelas chatíssimas, com nossos pares sobre rumos e prumos da Academia e fazíamos uma horinha até encararmos a bruta.

A bem da verdade, eu mais ouvia do que falava visto que o amigo ainda convalescia de um ‘chega_pra_lá’ amoroso que, na batida dos 40 para os 50, o deixou sem chão. No delírio.

Ele próprio arrolava mil e um motivos para ‘o tchau querido’ que a moça – bem mais moça – lhe dera, mesmo assim não se convencia.

“Essas coisas são assim mesmo”, eu tentava aparentar naturalidade.

Desconfio que mal me ouvia embarafustado que estava nas próprias ilações sobre uma ‘muito possível volta’.

Foram tantas as emoções.

As viagens que fizeram.

O quanto se divertiram.

O quanto se amaram.

Falou das promessas que fizeram um ao outro, o outro ao um.

Estavam firmes no propósito:a tudo enfrentariam em nome do amor.

“Não é possível que ela se esqueceu de tudo. Assim, num estalar de dedos” – ele disse.

E eu escutei.

Calado.

Afinal um amigo é pr’outro.

Chegamos à reunião no local e horário aprazados.

Ele ainda a suspirar seus ‘ais’ de amor

E eu, que mal conhecia a donzela, a conjecturar:

“Se não foi ou é ou será…”

Ainda procurávamos nossos assentos no auditório quando chegou um amigo comum, de tablet na mão, a espalhar a novidade: Dulcineia (vamos chamá-la assim por motivos acima expostos) estava prestes a se casar.

A moça fez um ensaio fotográfico vestindo o traje oficial da cerimônia religiosa que aconteceria ainda naquela noite.

Estava lindíssima.

Todos que olhavam as fotos elogiavam.

Eu, inclusive.

Só o Poeta que nada disse.

Saiu da sala, de celular em punho a teclar freneticamente.

Perdeu a reunião.

E só fomos revê-lo na outra semana, com ares tristonhos, desconsolados.

Dulcineia, acreditem!, era a ex que ele ainda acreditava seria a futura,

Mundo pequeno este em que vivemos, não?

Foi assim, meus caros, que nasceu o conto Dom Quixote e a engenhoca, que está no meu novo livro:

A Cor da Vida e outros contos ligeiramente românticos.

Se me derem a honra, adquiram o seu exemplar pelo e-mail:

cordavida@outlook.com.br

Aposto que vão gostar.

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