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Um Papai Noel daqueles…

Não podia esquecer quem era a partir daquele momento.

Papai Noel.

Isso mesmo.

Encarnaria agora o bom-velhinho que mora nos confins do Polo Norte e só no Natal dá as caras e barbas por aqui para presentear todas as crianças.

Inflou os pulmões e repetiu em voz alta para melhor convencer a si próprio:

— Todas as crianças, ok?

Só assim se convenceria da grande – e histórica – empreitada que assumira perante os colegas da Fundação, onde trabalhava.

Tivera um excelente ano. Foi promovido a chefe da seção, até lhe sobrara alguns trocados para um final de ano mais alentado. Além do que, o time do coração pode tirar passaporte e, por fim, tingiu a América e o mundo de branco e preto.

A promessa era mais do que cabível.

Seria cumprida…

II.

Para completar sua felicidade, só faltava mesmo convencer a morena sestrosa, que atendia pelo nome de Marta, a seguir com ele vida afora.

Mas, se o mundo não acabasse nesta sexta-feira, Reinaldo Caubi (o nome foi certamente um exagero da mãe, fã incondicional do intérprete de “Conceição”) tinha certeza. Em 2013, Martinha não lhe escaparia.

Seria sua, eternamente, sua.

III.

Marta é moça séria. Fala inglês e castelhano fluentemente, fez pós na PUC – e é evangélica. Dessas que não permite qualquer tipo de brincadeira, especialmente quando se fala em religião. Aliás, pensando bem, ela não aprovaria nada, nada, essa história de se passar por Papai Noel, desfilar pelas ruas em carro de bombeiro, sirene ligada a chamar a atenção de todos para a ação beneficente que está fazendo. Quer dar presentes para as crianças carentes que dê, é louvável a atitude, Mas fazer esse oba-oba, ah!, isso ´demais de conta.

Não foram esses os ensinamentos do verdadeiro e único Deus que se fez homem e veio nos redimir sob o nome de Jesus.

Se Marta descobrisse que era ele quem estava debaixo daquela ridícula roupa vermelha, com aquelas barbas e cabeleira postiças ao vento, não lhe perdoaria.

Seria o fim.

IV.

Refletiu…

No horário em que aconteceria o fusuê, ela estaria trabalhando.

Compenetrada do jeito que era para dar conta do serviço, jamais sairia à rua para ver o que estava acontecendo.

Mesmo assim, não quis correr riscos.

Como medida de segurança, em todas as paradas do caminhão de bombeiros para as doações, só falaria o habitual “hohoho” – e nada mais.

Nem sorrir sorriria.

V.

Foi a única exigência que fez ao pessoal do trabalho:

— Eu topo sair de Papai Noel, até porque é uma forma legal de agradecer tudo o que eu e om meu time recebemos neste ano. Mas, ninguém pode contar a história para a Marta. Se ela souber, será o fim.

Todos toparam. Até porque Caubi falava o dia inteiro da moça. Mas, nunca a apresentou a ninguém.

*amanhã continua…