Passei três dias em Jericoacoara, no Ceará, oco do mundo, longe pra dedéu. Um paraíso, no embalo da música jamaicana (embora o forró acelere as madrugadas) e com um indisfarçável sotaque portenho.
II.
Acredite se quiser?
Como tem gringo estabelecido por lá!
O que será que os hermanos descobriram por ali que nós, os nativos, não conseguimos ver?
Ou não temos coragem de enxergar?
III.
Como lhe descrever o arrebatamento do lugar? Só estando lá para constatar.
Tentei disponibilizar uma foto do por do sol, mas não consegui. O site/blog está rateando. Desconfio que a modernidade não dá conta de tamanha maravilha.
Fique, pois, caríssimo leitor, com minhas sinceras impressões. Sou um viajante parvo, mas sei reconhecer um local abençoado por Deus e bonito por natureza.
IV.
Não sei por que cargas d’água, no ir e vir na praia do Paraíso, aboletado nas redes penduradas na superfície do mar e o sol na cabeça, confesso que, por instantes, me senti o próprio personagem de Jardel Filho na novela “O Bem Amado”, no início dos anos 70.
Ele fazia o médico Juarez Leão, se bem me recordo. Por força de algum desatino, largou a cidade grande e se instalou em uma palhoça à beira da praia de uma encantadora cidade do nordeste, a fictícia Sicupira, do inesquecível prefeito Odorico Paraguaçu (Paulo Gracindo).
Era uma figura descolada – longe do padrão de um doutor. Usava roupas de hipongas e calçava tamancos, no maior estilo.
V.
Topei com “alguns deles” por lá, creio. Eram médicos, advogados, empresários, professores e até um ex-padre e agora se transformaram em surfistas, bugueiros, donos de pousadas ou restaurantes, balconistas, artesãos…
Mudaram de vida para viver a doce aventura de ser feliz, sob o sol diante do mar…
– Aqui se vive, foi o que me disse o fluminense Wanderley, natural de Petrópolis que há 30 anos vive por aquelas bandas.
Eu lhe dou toda a razão.