Quando setembro chega,
há sempre um tom de tristeza no ar.
È assim desde que o pai morreu
na manhã de 1o. de setembro de 1999,
no dia em que ele e a mãe
completavam 56 anos de casados.
Neste ano, com ajuda dos versos
bonitos do samba “Espelho”,
do também saudoso João Nogueira
(Um dia de tristeza me faltou o velho/
E falta lhe confesso ainda hoje faz),
tentei controlar o vazio da ausência
e não escrever sobre…
Pensei ter conseguido.
Ledo engano.
Andei esses dias assim assim.
Não queria escrever o que
gostaria de escrever. Até porque,
como no samba de Vinícius,
“a tristeza tem sempre
uma esperança de um dia
não ser mais triste não”.
II.
Ontem, pela TV, soube das mortes
de Fausto Wolff e Fernando Barbosa Lima,
dois dos mais notáveis nomes da história
recente do Jornalismo brasileiro.
Perdoem-me.
Mas, não houve como escapar
deste post triste – o que me parece
politicamente incorreto para
uma manhã de sábado.
Wolff foi um dos fundadores do
semanário O Pasquim que solapou
com humor, ironia e críticas contundentes
as bases de uma ditadura, então,
implacável com seus opositores.
Fernando também seguiu pela trilha da
resistência ao arbítrio. Filho de uma das legendas
do jornalismo, Barbosa Lima Sobrinho, foi
o criador do primeiro jornal crítico da TV
brasileira, o combativo Jornal de Vanguarda,
do qual Wolff era um dos colaboradores.
Em dezembro de 1968, quando os militares
decretaram o AI/5 escancarando o obscurantismo
daqueles dias, Fernando também decretou
o fim do telejornal que se tornou inviável
em tempos de horror e censura prévia.
Reuniu a turma de jornalista e disse:
— É o fim. Não há mais condições
de liberdade para tocarmos o jornal.
Cavalo de raça se mata com um só tiro…
III.
Creio que este post triste explica minha
omissão em comentar – e reverenciar
devidamente – outros dois grandes brasileiros:
Waldick Soriano e Fernando Torres, também
falecidos por esses dias de setembro…