01. Os chilenos estão indignados com o prêmio que o general Augusto Pinochet acaba de receber. Aos 82 anos, ele tomou posse na quarta-feira como senador vitalício sob uma onda de protesto que agrupou, num mesmo apupo, populares, estudantes e parlamentares de diversas matizes políticas. O general Pinochet esteve a frente do governo do Chile por 17 anos. Foi um período obscuro da recente História da América Latina, tomada por regimes ditatoriais de todas as estirpes e que, à base da repressão implacável e da supressão dos direitos humanos, dominavam países como Argentina, Paraguai, Uruguai, Brasil, entre outros.
02. O inimigo a ser combatido por todos esses governos de exceção era a ameaça do comunismo que, a partir de Cuba, se insinuava como o grande monstro prestes a devorar a soberania norte-americana. Obviamente, os Estados Unidos colaboravam, como podiam (e como podiam!), com orientação pára-militar, armamento, verba e outras tantas facilidades. Em nome desse preceito, os amigos do Poder e os amigos dos amigos do Poder podiam tudo: prendiam, torturavam, acharcavam, saqueavam, matavam.
03. Na Argentina, entre outros absurdos, os generais provocaram uma guerra, a das Malvinas, para fortalecerem-se junto à população. No Brasil, são incontáveis os episódios onde os direitos humanos foram vilipendiados em nome da Pátria. Casos como o desaparecimento do deputado Rubens Paiva, a morte da estilista Zuzu Angel, os porões do DOI-CODI em São Paulo (onde morreram o jornalista Wladimir Herzog e o operário Santos Dias) revelam chagas abertas, que não cicratizam e expõe às novas gerações o caminho pelo qual não devem seguir. Custe o que custar.
04. Durante a solenidade da posse de Pinochet, senadores de centro-esquerda exibiam cartazes com fotos de mortos no governo do general. Manifestações como essas são sempre bem-vindas, exemplos de que continuam atentas as forças que lutam pela democracia e que combatem as injustiças sociais. Por aqui, o que se viu no domingo, durante a convenção do PMDB, beirou ao trágico. Por 40 reais, "militantes profissionais" permaneceram horas e horas no Congresso, como uma claque própria ao programa do Ratinho. Um espetáculo que entristeceu uma Nação que se pretende contemporânea. Mas, que deixou o presidente FHC e seus amigos felizes. Com apoio "do maior partido do ocidente", 80 por cento do horário eleitoral pertencerá ao tucanato. A reeleição vai de vento em popa. Já o Brasil e os brasileiros…