“Viver sem música é um equívoco”.
Não sei quem é o autor da frase [que, diga-se, é bem antiguinha e constava de um surrado almanaque de citações clássicas que eu tinha nos tempos em que era estudante de Jornalismo].
Lá se vão quarenta e tantos anos…
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Curioso é lembrar-me dela na noite de sábado ao assistir ao espetáculo “50 Anos de Música” que reuniu Ivan Lins, MPB-4, Toquinho e o percussionista Joãozinho da Paraíba, ex-integrante do Trio Mocotó.
Ah, meus caros…
Eu, que ando afastado dessas programações culturais a arrastar, pra lá e pra cá, o baixo-astral e o saco de lamúrias tão frequentes em nossos dias, juro que me senti revitalizado pelas duas horas e tanto de espetáculo que, pela sexta vez, ocupou o palco do Tom Brazil, em São Paulo.
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Essa talentosa trupe começou a carreira nos idos de 66.
O show/celebração se arrasta por ano e tanto – e já percorreu boa parte do País.
Ou, como enfatiza Aquiles, do MPB-4:
– O sucesso é tamanho que já nos apresentamos em diversos lugares do mundo, todos dentro do Brasil.
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A seleção musical é impecável e reúne o melhor do repertório de cada um.
Eu particularmente – e por razões bem pessoais – destaco três momentos bem especiais. Um é a interpretação de Ivan Lins para a romântica “Lembra de Mim”, do próprio Ivan em parceria com Victor Martins.
Lindíssima!
As duas outras vieram nas vozes afinadas do MPB-4:
– a clássica “Cálice”, de Gil e Chico Buarque, apresentada no festival “Phono 73”, apesar do veto da censura, e depois com versão definitiva na voz de Milton Nascimento.
– e “Amigo É Pra Essas Coisas”, de Aldir Blanc e Sílvio da Silva Júnior; um samba dolente em que amigos trocam confidências.
O final apoteótico, com todos no palco, a cantar “Quem te Viu e Quem Te Vê”, de Chico Buarque, também é bem legal.
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Mas, o espetáculo não para por aí.
Vale também pelo bom-humor da rapaziada que compartilha causos deliciosos dos bastidores da MPB, tendo como protagonistas grandes nomes como Ben Jor, Vinícius, Tom Jobin, entre outros.
Aliás, a história mais divertida é a que trata do pavor de viajar de avião que Tom Jobin exibiu ao longo da vida.
Ele justificava esse medo por quatro motivos, denunciados no palco por um sincero Ivan Lins.
A saber:
Primeiro, o avião é mais pesado do que o ar.
Segundo, o avião é movido a um tal ‘motor a explosão’.
Terceiro, a oficina para um eventual conserto fica aqui embaixo, na Terra.
E quarto e definitivo motivo: o avião foi inventado por um brasileiro…
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O show só não perfeito porque, lá pelas tantas, o eufórico Toquinho cisma de cantar o hino do Corinthians, empolgadíssimo com a conquista de mais um campeonato pelo seu time do coração.
Vaias e aplausos…
Para o meu gosto – palmeirense que sou -, uma intervenção desnecessária!
O que você acha?