Foto: a sensibilidade poética de Jô Rabelo para clicar o nobre vira-lata
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Terminei o post/crônica de ontem a sugerir um tantinho mais de poesia na vida da gente.
Trouxe um vídeo da São Paulo Antiga, a cidade que conheci e, na qual, desfrutei, digamos, uma bela infância.
Concluí concluindo:
“Digamos que é minha sugestão para começar a semana de um jeito mais poético”.
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Rosineide, a leitora, faz a ponderação:
“São tantas coisas acontecendo, professor. Não sei se dá para viver só de poesia diante de tudo o que vivemos.”
Entendo a observação da ex-estudante de jornalismo da Universidade onde trabalhei por quase 20 anos.
“Uma vida”, diria o filósofo da vida real, o Valtinho Cazuza, nas quebradas do Cambuci lá naqueles idos e vividos tempos.
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Exatamente por isso, pela larga experiência deste mal-ajambrado escrevinhador, fiz a sugestão ainda que utópica e ilusoriamente.
Um desejo meu entrever a sensibilidade, as gentilezas e a manifestação de um sentimento bom a se sobrepor ao grotesco, às generalizações torpes e ao individualismo predatório.
Leio no zap do amigo Odair a epígrafe a se gravar n’alma:
“A Lua é a poesia da noite.”
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Lembro os amigos Jô Rabelo, Cazuza e Odair, mas não esqueço o poeta gaúcho Mario Quintana (1906/1994) que no poema Dedicatória (Poesia Completa/1995) escreveu:
Quem foi que disse que eu escrevo para as elites?
Quem foi que disse que eu escrevo para o basfond?
Eu escrevo para a Maria de Todo o Dia.
Eu escrevo para o João Cara de Pão.
Para você, que está com este jornal na mão…
E de súbito descobre que a única novidade é a poesia,
O resto não passa de crônica policialsocialpolítica.
E os jornais sempre proclamam que “a situação é crítica”!
Mas eu escrevo é para o João e a Maria,
Que quase sempre estão em situação crítica!
E por isso as minhas palavras são cotidianas como o
pão nosso de cada dia
E a minha poesia é natural e simples como a água bebida
na concha da mão.
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Então, Rosi, não sei se lhe respondi.
Nem tudo é poesia, ok.
Ou melhor…
Bem, tudo é ou pode ser poesia, ok?
(Permita-me. Sou dado a digressões e literatices.)
É só o jeito de olhar e ver.
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Mas, enfim, está aí o dito e o escrito.
Sempre bom ler e/ou referendar os amigos (mesmo que distantes) por aqui.
Sigamos…
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Leila Kiyomura
8, abril, 2025Obrigada querido amigo, professor, editor…por escrever para mim, para nós, para todos que buscam em você a felicidade das coisas simples como tão bem definiu Vinicius
Abraço.