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Um teretetê sobre Rod Stewart

Meus amigos cinquentões estão empolgados com as apresentações de Rod Stewart no Brasil.

Outros mais assanhadinhos – e se achando o biscoito que resta no pacote – preparam-se para a maratona do Rock in Rio.

O fim de semana promete.

Como já virei os 6.0 e não sou chegado a essas aglomerações, me divirto com esse entusiasmo e, sempre que me é dada a oportunidade, chamo a atenção da rapaziada (leia-se velhotes) para que segurem a onda porque, como me disse certa vez Gilberto Gil, “tem tempo que é de fogo, tem tempo que é de água”.

Gil fazia um disco lá pelos idos dos anos 80 – e abandonou o projeto em pleno andamento. Não estava feliz com os resultados que vinha obtendo, as canções não lhe falavam mais intimamente, ele atravessava um momento pessoal controverso (terminara o casamento com Sandra (a Drão) e se apaixonara por Flora, e precisava de um tempo para refletir e absorver os novos tempos.

Só voltou aos estúdios, meses depois, para gravar o notável “Um Banda Um” que reuniu, entre outras, “Drão”, “Deixar Você”, “Andar Com Fé” e “Esotérico”.

Valeu ou não valeu o tempo de estio?

Conto essa história aos meus chegados, e em vão espero a resposta para pergunta?

Como ninguém me responde, faço outras indagações:

– Estão com seguro-saúde em dia?

– Vai ter ambulância pra todo mundo em caso de um piripaque generalizado?

Tomei uma sonora vaia, fui ameaçado de linchamento – mas, não desisti de cutucá—los.

– Será que o caradura do Rod Stewart vai cantar “Do You Tink I’m Sexy” que ele chupinhou descaradamente da música “Taj Mahal”, do Benjor?

Olhares de indiferença e reprovação me deram o sinal de alerta de que estava passando dos limites.

Alguém me chama de estraga-prazer e chato.

Concordo plenamente. Mas não deixo de cantarolar o refrão que Stewart se apropriou indevidamente.

“Teteteretetê, teteteretetê, teteteretetê-têtê”.

Foi em meados dos anos 70, se não me engano, no disco “Solta o Pavão”, produzido na Inglaterra. Benjor gravou “Taj Mahal” que originalmente era uma versão instrumental.

Só o refrão era cantado.

Anos depois, a melodia bejorniana servia de refrão para o megasucesso do Stewart que, acusado de plágio e na iminência de perder a causa, doou todos os direitos da canção para a Unicef – e assim o compositor brasileiro ficou na saudade.

Vale dizer que o disco do gringo vendeu 4 milhões de cópias.

E o Benjor, ó, dançou legal.

(…)

Fiquei tão embalado com as minhas considerações – como disse, me achando o tal e o qual -, e nem percebi que, à francesa, o pessoal foi saindo um a um.

Só me restou o fiel Escova como interlocutor.

Escova que, por sinal, diante do meu espanto, não deixou por menos.

Chamou o garçom e disse:

– Ô meu querido traz um churrasquinho com queijo rapidinho porque o meu amigo (que era eu), quando está com fome, fica insuportável.

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