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Uma canção do passado

Procura-se esta canção:

"Bem que eu não queria
amar você.
Bem que eu não queriaaa…
Bem que eu não queria
ver as estrelas.
Bem que eu não queriaaa…
Bem que eu não queria
ter o seu amor."

"Andei em sonhos…
estrada afora…
E de nada valeu…
Valeu?"

Não sei o título. Não sei o autor. Não sei o ano – meados da década de 70, talvez. Se não me engano, o intérprete era o Herondy, muito antes de conhecer a Jane e formar uma dupla de sucessos comerciais e presença garantida nos programas de auditório na TV. À essa época, Herondy dava os primeiros passos de uma carreira solo e flertava, sim, com a soul music de Cassiano, Hyldon e Carlos Dafé.

A canção não consta de nenhuma coletânea relançamento ou coisa que o valha. Nem o Charles Gavin sabe dela. Parece que só eu a ouvi, emocionado, num tempo que só pertenceu à minha memória. Sequer tem registro no Google. Em síntese, é a canção que se perdeu…

Na verdade, repito, nem sei se era o Herondy que a cantava. O certo mesmo é que não consigo esquecer a letra escorrida dessa canção suave e triste. Calou fundo em algum canto de mim, entre a alma e o coração.

Não raras vezes, porém, os versos reaparecem, como agora, e eu me surpreendo a cantá-los baixinho. Uma espécie de trilha sonora para o personagem que sou e, é inevitável, sempre serei. Tentam me convencer de algo que não sei bem o que é. Mas, presumo, perdeu-se nos escaninhos da vida. Por insondáveis razões. Mas, podem voltar a qualquer hora. Questão de tempo. Como sempre voltam as canções do passado.

Ou não…

[Texto publicado no livro “Volteios – Crônicas, lembranças e devaneios"]

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