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Uma crise institucional sem precedentes

"É triste falhar na vida. Porém, mais triste é não tentar vencer."

01. Temo por nós. Penso que você me entende. Todas as semanas pareço bater na mesma tecla. A desfaçatez do Poder Público, em suas diversas instâncias, a nos tratar como seres de segunda categoria. Como se apenas discursos e promessas enchessem barriga, ensinassem o be-a-bá às nossas crianças, nos dessem casa e saúde. O País vive uma crise institucional sem precedentes. Um presidente que não quer governar, os estados com interesses difusos e, muitas vezes, conflitantes e, em âmbito municipal, um prefeito tíbio, sem qualquer sustentação política, jogado às feras num jogo sórdido de interesses e sobrevida eleitoral. O Impeachment, no caso Pitta, só não foi adiante na Câmara porque um grupo de vereadores achou conveniente não dar tanta força assim ao PFL, o partido de Antônio Carlos Magalhães, em São Paulo. Há quem diga que o vice-prefeito Régis de Oliveira, por alguns dias, sentiu-se o próprio alcaide paulistano. Não contava, talvez, com a flexibilidade dos nobres vereadores… (Antes de concluir esse tópico, vale lembrar que nas hostes federais o Impeachment não estaria assim tão longe de acontecer se vivessemos numa sociedade onde as instituições fossem respeitadas. Desde o escândalo da compra dos votos para a aprovação da emenda constitucional, que efetivou a reeleição, foi um suceder de denúncias e outras tantas negociatas, socorros a bancos e o escambau que a imagem pública de FHC foi para o beleléu. Só nossos congressistas e uma boa parcela da mídia insistem em fazer de conta que tudo está no seu lugar. Assim caminha a mediocridade…)

02. Temo por nós. Olhamos as cenas dramáticas de Kosovo, via TV, em fotos de jornais e revistas. Estamos às vésperas de virar o milênio e tamanho absurdo se faz presente, assustadoramente real e, pior, com final imprevisível. Uma ameaça apocalíptica. Olhamos e nos comovemos. Mas, se atentarmos melhor, veremos que uma verdadeira guerra civil eclode surdamente em nossa cidade, em nosso bairro, em nossa rua. Ronda nossa porta… Uma guerrilha urbana sem ideal, sem propósito, igualmente sem sentido. Uma guerrilha chamada violência urbana, que nos espreita no próximo semáforo ou pode tomar a forma de uma bala perdida… Os tentáculos da miséria, do desemprego e do estúpido jeito das elites pensarem e gerirem o Brasil, se estendem pelos quatro cantos da metrópole, sufocam os valores humanísticos e acabam com a sina da nossa gente, que só quer viver e não ter a vergonha de ser feliz.

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