Ele saiu do restaurante e ficou
frente a frente àquela linda mulher.
Estava com a esposa, os filhos, os sobrinhos, a sogra.
Só o Totó não viera, por motivos óbvios
– detestava comida mineira…
Mesmo assim, o homem firmou o olhar.
Estava certo de que a conhecia de algum lugar…
Mas, de onde?
Será que ela o reconheceu também?
O escândalo estava armado. E agora?
Nunca foi um Don Juan, mas, é certo,
não podia reclamar da vida – e
principalmente de incertos amores
vividos, digamos, no paralelo…
Puxou pela memória.
De onde a conheço?, pensou.
A beleza daquela mulher era impressionante.
E, Deus do Céu!, agora ela caminhava em sua direção…
O que fazer?
Tudo a perder. Ou tudo a ganhar.
O segundo pareceu secular entre a dúvida e o medo…
Só saiu do torpor quando a filha mais velha o cutucou.
— Pai, pai, é a Maria Fernanda Cândido.
Olha, olha, quero ser atriz, igual a ela…
Deixou-se inebriar pelo perfume da moça,
que passou sem se dar conta que ali estava
um ser vivente. Ufa! O pobre homem
respirou aliviado. Foi então que se percebeu
triste, tão triste, muito triste…
Ainda esticou o pescoço para vê-la. Em vão.
A essa altura, já sabia que ela nunca
faria parte da novela da sua vida.