Torcida amiga, bom dia!
O craque Tostão sugeriu à crônica esportiva que se dispusesse, também ela, a fazer uma sincera reflexão.
Ele próprio – seguramente um dos melhores textos do jornalismo esportivo – já se dispôs a rever conceitos e análises pós Mundial da Rússia.
A observação, bem adequada ao momento, está na coluna que escreveu nesta quarta-feira, dia 11, na Folha de S. Paulo.
A bem da verdade, Tostão comentou neste dia a vitória da França. De leve, e com a elegância que lhe é praxe, fez o destaque que, ao ler, levantei-me para aplaudir de pé.
Adoro futebol. Por consequência, por vezes contra minha vontade, sou refém do noticiário e programas esportivos. Aliás, se me permitem a imodéstia, convivo com os tais desde garoto. Como prova, cito três exemplos, diria, históricos:
1- a coluna 20 Notícias, assinada por Antônio Gusman, no Diário da Noite
2 – as narrações de Raul Tabajara e Walter Abrahão nos jogos da Record e Tupi
3 – o programa Disparada nos Esportes, comandado por Milton Peruzzi, na Rádio Gazeta.
(…)
Apresentadas minhas paleontológicas credenciais, permito-me acompanhar o raciocínio do craque/cronista para, sem a mesma elegância, acrescentar que considerei pífia a cobertura da imprensa esportiva nativa nesta Copa do Mundo (guardadas as devidas exceções, óbvio).
Sobraram analistas de todos os tipos e matizes – e aqui incluo jornalistas, boleiros na ativa ou não, técnicos, ex-técnicos e afins. Todos tinham verdades absolutas para tudo o que acontecia nos gramados e fora deles. Mas, as reportagens propriamente ditas – que é o que verdadeiramente interessa para a apuração dos fatos – foram relegadas a um plano secundário ou nem isso.
Aliás, se atentarmos bem, é possível perceber que os recursos tecnológicos avançaram consideravelmente também na cobertura dos fatos – e nos dão condições bem mais completas para análises e comentários mais centrados.
No entanto, o que se viu resultou em mais do mesmo por parte dos solertes formadores de opinião.
(…)
Reparem, amigos leitores: esta Copa na Rússia foi – e está sendo – pródiga em fatos novos e ainda sujeitas a apuração. A começar pelo adeus precoce de grandões como Alemanha, Argentina, Espanha e Brasil (para não falar de Itália e Holanda que ficaram pelo caminho, sem chegar a Moscou).
Mas, não é só – e não basta.
A ascensão de Islândia, Croácia e Bélgica, outro bom exemplo de investigação jornalística para saber e tornar público os projetos dessas equipes, de alguma forma, já vencedoras.
Se é que houve algum projeto. Demos agora para cientificar o esporte à exaustão, o que faz o Sr. Imponderável de Almeida (salve Nélson Rodrigues) sorrir debochado de tamanhas pseudas argumentações.
E se aquela bola do Tiago Silva não parasse no travessão?
(…)
Querem outra pauta interessante?
Os bastidores do VAR. Quem são os tais senhores que manipulam os equipamentos que assessoram os árbitros em decisões mais polêmicas?
O futebol, cada vez mais global, cada vez mais um mega negócio, cada vez mais padronizado, é assunto que transcende às quatro linhas – e, jornalisticamente, vai muito além do tatibitate das mesas redondas e dos achismos.
Então, coleguinhas do jornalismo esportivo, temos quatro anos pra corrigir esses exageros. Assim como Tite, temos que aprender com os próprios equívocos.
Bota bons repórteres nas ruas, rapaziada da produção!!!
O que você acha?