"Quem ama inventa
as penas em que vive" – Camões
Aspas para as mulheres.
De hoje e de sempre:
I – REFLUXO
Eu não sou breve.
Eu não jogo.
Eu não me importo…
Mas eu tenho medo sim.
Algo inexplicável que me faz
voltar três passos quando
eu acabo de andar um.
Você entende?
II – QUEM AVISA…
****-8894 – celular…
****-3888/ramal 258 – trabalho…
****-1055 – casa…
****-6598 – recado com a vizinha…
****-7564 – minha mãe…
****-0023 – minha vó…
Enfim, agora não tem desculpas.
Em algum desses há de me encontrar…
* Importante: sem gracinhas
com a vizinha, viu? O marido
dela é bravo, forte e ciumento.
III – PARCERIA
Nunca estaremos inteiramente seguros
sobre nossos textos, não é? Mas,
vamos sempre escrevê-los.
Na verdade, todo texto é uma crônica.
Concorda? Ou seja, um breve
momento de realidade.
Pode não ser o principal, mas
o peculiar. O que poucos enxergam.
Mas todos deveriam ver, pois
propõe reflexão e emocionar-se.
Lá vem o fim-de-ano, né?
Quando as pessoas em tese
estão mais sensíveis.
Escrevi algo. Queria publicar logo.
Posso lhe enviar? Senão gostar, tente
reescrevê-lo e me reenvie. Assim acho
que vamos lhe achar o tom da narrativa.
Será que fica bom?
Ando tão insegura.
IV – NOVES FORA
— Você precisa dar um sentido a sua vida.
Ela falou de um jeito tão convicto.
Não havia como duvidar.
— Mas você já é casada, ele respondeu.
Ela deu de ombros, revirou-se
na cama – e voltou a dormir.
— Amanhã a gente conversa.
V – VISIBILIDADE
Estive matutando.
O que eu sinto não é paixão.
É amor.
O amor – aquele tal que
aceita a pessoa com todo
o pacote de qualidades
e defeitos. Aquele tal que,
quando se vai, deixa um rastro
de saudade por toda uma vida
e, quem sabe, até para as próximas.
Aquele que deseja para
o outro tudo de bom,
mesmo que esse bom
não seja para ser dividido.
Aquele que é tão imenso
que parece nunca mais
vai ter fim. Acho que, se eu
gostasse de mim como gosto
dele, eu seria muito feliz.
VI. VISIBILIDADE cap. 2
Dizem que o amor é cego…
É mesmo.
Eu, nos últimos tempos,
nem olho para os lados.
Só existe o tal…
Imagine que ontem tropecei
num sujeito na entrada do elevador.
Aí pedi desculpas por não tê-lo visto.
Ele me respondeu:
— Só mesmo tropeçando
para você me enxergar.
Ainda completou:
— Eu queria que você tropeçasse
em mim todos os dias…
VII – VISIBILIDADE cap. 3
Só aí percebi: o sujeito estava
me cantando. Um cara bonito,
de terno e gravata, que eu
nunca tinha visto antes. Nunca…
Disse que sempre me vê
por aqui. E que sou
exatamente como sonhou.
O que será que ele quis dizer?
De qualquer forma, cheguei
a conclusão que eu não me enxergo.
Deve estar faltando algum parafuso
em mim – ou todos estão soltos.
Só pode…
Enfim, queria alguém para
enxergar e também ser vista.
Nos sonhos e na vida…