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Velhos jornalistas – Parte 2

Passei a usar o ‘pin’ na lapela da minha jaqueta. Não que me considerasse um experiente homem de Imprensa, mas era uma espécie de reverencia àqueles que me precederam em tão nobre missão. Aqueles que conhecia pessoalmente (Flávio, Marques, Zé Jofre, Nasci, o cronista esportivo Ari Silva, Vladimir Herzog que foi meu professor na Escola de Comunicações e Artes da USP, entre outros) e os que admirava à distância – Rubem Braga, Carlos Heitor Cony, Cláudio Abramo, Mino Carta, Zé Hamilton Ribeiro e Marcos Faermann para ficar só com os obrigatórios e não nos enredarmos num listar sem fim de nomes.

Para ser franco, nunca soube se a tal Ordem dos Velhos Jornalistas existia mesmo e que piano tocava nessa dolente valsa da vida. Aliás, devo-lhes outra confissão, nunca fui ligado a sindicatos, associações, movimentos representativos disso ou daquilo. Sei que há quem veja aí um deslize da minha parte, mas…

Talvez seja um defeito meu – um dos tantos e quantos. Sempre fui muito na minha.

De qualquer forma, achava bonita a idéia de uma Ordem dos Velhos Jornalistas. Era uma espécie de sublimação. Entendia a Ordem como uma confraria a que pertencessem todos os jornalistas depois perfazerem longos e longos anos de estrada. No fundo, no fundo, meus caros, creio que almejava, um dia lá na frente, ser um desses notáveis, pertencer a esse Conselho de pajés que esbanjavam talento, coragem e sapiência.

Será que eu chegaria lá?

Era pergunta que fazia aos meus descorçoados botões…

O implacável conta-gotas do tempo fez a parte que lhe coube, cabe e caberá. Meus cabelos branquearam, o broche desapareceu e nunca mais ouvi falar da Ordem. O Brasil democratizou-se e os jornalistas abandonaram as máquinas de escrever. Viraram multimídias. Nem sei se, nas redações de hoje, repórteres (um ser em extinção) e fotógrafos zoam uns com os outros e são chamados de ‘canetinha’ e ‘lambe-lambe’.

Foi no século passado, alguém há de dizer.

Mas, convenhamos, nem faz tanto tempo assim…

(* Amanhã explico o porquê dessa conversa. Aguardem!)

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