XVI.
Confesso que me enrosquei nesse arrazoado de reflexões sobre os passos que demos nos últimos 30 anos que hesito em por quais caminhos seguir.
Prometi que o terminaria no sábado – e cá estou, plena manhã de domingo, a teclar sobre o assunto que, nessa altura do campeonato, parece interessar mais a mim mesmo do que aos meus incautos leitores – se é que ainda andam por aí.
A incômoda pergunta que me surgiu lá no primeiro capítulo – “Vencemos?” –, a cada alinhavo de frase, me parece TEMERosamente (ui!) sem resposta.
Enfim…
Sigamos.
XVII.
Como é amplamente conhecido de todos os seres vivos que habitam a Terra Brasilis, após três tentativas frustradas (em 89, 94 e 98), Lula se elege presidente da República em 2002. Vence mesmo com toda a resistência do “estabelechiment” (outra expressão que lá nos idos de 70 determinava o conluio de forças dos mandachuvas de sempre).
Houve um vale tudo para dissuadir os eleitores a votarem no ex-metalúrgico. Desde a alta do dólar à manipulação descarada dos meios de comunicação. Sem falar de ameaças de toda sorte – ou seria azar?
Ele, os petistas e os movimentos sociais incendiariam o Brasil.
Era o que diziam…
XVIII.
Mesmo assim – e com tudo contra -, o homem venceu e, queiram ou não reconhecer, deu uma cara de Brasil ao Brasil que antes se grafava com “z”.
Foi “o cara”, como disse Barack Obama em certa ocasião, do diálogo e da conciliação.
Aliás, por essa época, ele mesmo se definia como “Lulinha, Paz e Amor”.
Avançou com o Plano Real, com a estabilização da Economia, incentivou o consumo e, sobretudo, fez fortes investimentos no campo social. Retirou milhões e milhões da pobreza, combateu a miséria absoluta que grassa em vários pontos deste Brasilzão de meu Deus e impressionou o Planeta no primeiro mandato.
Vencemos, então? Finalmente.
Quase isso.
Andávamos felizes, mas havia quem desconfiasse.
XIX.
Para que o Brasil caminhasse firmemente para o tal futuro promissor – e em nome dessa tal de governabilidade – o Governo Lula optou por ‘fechar’ alianças com partidos e personagens que antes lhes causavam ojeriza, repugnância até.
Lula pensava na reeleição também, óbvio.
Mas, desagradou parte dos aliados de esquerda que, com razão, se viram preteridos do processo e do centro das decisões.
Enquanto isso, segmentos do próprio PT adotou, como prática digamos de governança e de arrecadação de fundos para campanhas eleitorais, expedientes espúrios que antes tanto combateu.
Quando explode o escândalo do ‘mensalão’, vem abaixo todas as conquistas que se fez no período.
Grossos setores da sociedade – que, a bem da verdade, nunca simpatizaram com Lula e o PT – tiveram arsenal suficiente para ir à forra.
XX.
Para a celebração dos oposicionistas, o PT é contemplado com a pecha de ser mais do mesmo.
Pior.
A partir de uma nunca vista virulência midiática, o PT ganha a marca de ser o partido que inaugurou e sistematizou a corrupção no Brasil.
Era o que precisavam, era o que agora tinham.
•Continua amanhã…