Porque (me parece) o novo ano ainda não chegou – e tarda a chegar? Trago-lhes então a poesia do notável Manoel de Barros (1916/2014), com pensamentos retirados do seu “O Livro das Ignorãças”, pra ir tocando os dias, com as manhas e as manhãs…
II.
“Poesia é voar fora da asa. ”
III.
“Sou puxado por ventos e palavras. ”
IV.
“Ontem choveu no futuro. ”
V.
“Do que não sei o nome eu guardo as semelhanças.
Não assento aparelhos para escuta
E nem levanto ventos com alavanca.
(Minha boca me derrama?)
Desculpem-me a falta de ignorãças.
Não uso de brasonar.
Meu ser se abre como um lábio para moscas.
Não tenho competências pra morrer.
O alheamento do luar na água é maior do que o meu
O céu tem mais inseto do que eu? ”
VI.
“Não tem altura o silêncio das pedras. “
VII.
“Repetir repetir – até ficar diferente.
Repetir é um dom do estilo. “