Gosto dos filmes de Woody Allen.
Gostei mais ainda de assistir a Vicky Critina Barcelona, que está em cartaz nos cinemas de São Paulo – e surpreendentemente com um público acima da expectativa.
Seus últimos trabalhos não tiveram boas bilheterias por aqui. Mesmo os críticos, aplaudiram Match Point; mas não foram tão generosos assim em elogios a Scoopy e O Sonho de Cassandra.
Vicky Cristina Barcelona traz um Woody Allen, eu diria, revigorado.
Para os cultores do cineasta como eu, não há grandes novidades. Seu humor corrosivo perpassa vida, angústias e sonhos das personagens para revelar as idiossincrasias dos relacionamentos humanos. Me parece uma temática comum à sua obra. Desta feita, porém, a narrativa é leve e divertida e valoriza-se a partir de dois componentes que escapam à engenhosidade do roteiro: a química dos atores em cena e as locações na belíssima Barcelona, embora existam tomadas em Oviedo e Ávila.
A história, a princípio, beira o banal. Duas amigas americanas (Scarlett Johansson e Rebecca Hall) estão de férias na Espanha e encontram um doidivanas pintor catalão (Javier Barden). Mal se conhecem e ele as convida para um fim de semana na paradisíaca Oviedo e diz na lata com “boa comida, lugares lindos e sexo para todos”.
Vicky (Rebecca) rechaça o convite – ela sabe bem o que quer da vida, está noiva e faz planos para o casamento breve. Cristina (Johansson) aceita na boa – ela vem de desilusões profissionais e amorosas; e, da vida, só sabe o que não quer. O enredo, porém, ganha contornos imponderáveis quando reaparece a ex-esposa do guapo. Ninguém menos que a estonteante Penélope Cruz numa interpretação passional e algo caricata.
Barcelona e Oviedo são os cenários para todas as peripécias – as cenas rodadas em Ávila não são sequer identificadas. À jornalista Juliana Araújo, de O Estado de São Paulo, o cineasta disse que precisava de “um lugar exótico e de clima mediterrâneo”. Por isso, optou pela cidade de Gaudi e Miró. “Poderia ter escolhido outra cidade, mas nenhuma teria o charme especial de Barcelona”.
Assim atores e câmeras de Woody passeiam pelo Parque Güell, a Casa Milá, a inacabada catedral da Sagrada Família, a Praia de Xagó, entre outras atrações turísticas. Há quem critique o final, um tanto quanto óbvio para uma ficção. Mas, é a cara de Woody que, em filme anterior, já alertou: “Igual a tudo na vida”.